Feira de Sementes Crioulas promove compartilhamentos de saberes ancestrais

Embrapa participa de evento cujo ponto central é a troca de sementes e de mudas de diferentes espécies, a exemplo de hortaliças e cereais, entre pequenos produtores denominados guardiões – agricultores, quilombolas e indígenas que conservam sementes crioulas (variedades tradicionais de plantas cultivadas por agricultores familiares).

Assim como acontece em várias localidades do Brasil, a mesma dinâmica foi a tônica da 10a edição da Feira Regional de Sementes Crioulas em Tijucas do Sul – PR, realizada no dia 28 de julho último. Assinaram a lista de presença os pesquisadores Giovani Olegário e Lineu Domit, além do analista Nelson Feldberg, da Embrapa Clima Temperado, que repassaram aos produtores sementes de cultivares de pimenta, melão, cenoura e alface ofertadas pela Embrapa Hortaliças, juntamente com folders informativos sobre os respectivos cultivos.

A disponibilização dessas sementes – assim como sua manutenção e multiplicação pelos pequenos produtores – está de acordo com a legislação referente a sementes e mudas, bem como à de proteção de cultivares. “Nós disponibilizamos amostras de espécies que eles podem cultivar, tendo em vista o conhecimento que já possuem para produzir suas próprias sementes – algumas são mais simples, como melão e pimentas, outras exigem mais experiência e/ou tratamentos, a exemplo da cenoura, onde as raízes precisam ser vernalizadas em câmara fria para que as plantas possam florescer, mas há tecnologias e conhecimento que possibilitam isso”, informa Olegário.

Segundo ele, na prática os produtores têm e mantém grande variabilidade genética de algumas espécies de plantas, e para aquelas com poucos materiais disponíveis, a Embrapa pode contribuir com cultivares melhoradas geneticamente, desde que não sejam híbridas, para que possam ter a possibilidade de produzir suas próprias sementes, seguindo os princípios que eles preconizam. “Nesse sentido, muitos materiais armazenados nos Bancos de Germoplasma da Embrapa podem ser úteis para esse propósito. Além das sementes em si, existem também os materiais de propagação vegetativa, por mudas, como as hortaliças PANC, mandioca, batata e batata-doce, entre outras”.

Troca de saberes

“A importância de nossa participação num evento desse porte pode ser medida pela possibilidade da troca de conhecimento entre produtores, pesquisadores e técnicos presentes sobre as sementes crioulas em geral e, em especial, sobre as de cultivares de hortaliças desenvolvidas pela Embrapa”, atesta o pesquisador Lineu Domit.

Nessa conjuntura, Domit chama a atenção para a participação da Embrapa na feira, que ele qualifica como “um reconhecimento a essa população que presta importante serviço na preservação dos recursos genéticos de diversas espécies importantes, com potencial para promover uma alimentação saudável da população”. Dentro desse contexto, segundo o pesquisador, é preciso destacar o trabalho que é desenvolvido pela Rede de Sementes Agroecológicas – REDE, um núcleo que promove o  compartilhamento de saberes e experiências entre esses produtores.

Organização

Participaram da edição a Associação Semente para Todos – Assemente; Casa da Semente de Mandirituba (PR); Rede de Sementes da Agroecologia – ReSA; e a Associação Brasileira de Amparo à Infância de Mandirituba (PR), com o apoio da Embrapa e de outras instituições.

Fonte: Embrapa Hortaliças

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