Estudantes, vinculados a entidades de pesquisa da região de Campinas(SP), participaram, de 27 a 29 de agosto, da 18ª edição do Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica (CIIC 2024). O evento foi realizado na sede do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e contou com 190 trabalhos de bolsistas dos programas de Iniciação Científica (Pibic) e de Inovação Tecnológica (Pibiti) do CNPq, apresentados em sessões orais e de pôsteres.
O evento é uma realização dos três centros da Embrapa da região – Embrapa Agricultura Digital, Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Territorial – em conjunto com o IAC, Instituto Biológico (IB), Instituto de Pesca (IP), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e Instituto de Zootecnia (IZ).
A participação no Congresso é uma oportunidade para os estudantes apresentarem os resultados das atividades realizadas em apoio aos projetos de pesquisa. Membro da comissão organizadora do evento, a pesquisadora Poliana Giachetto, da Embrapa Agricultura Digital, destacou que ao longo desses 18 anos o CIIC tem se consolidado como um ponto de encontro para disseminação do trabalho desenvolvido pelos bolsistas. “É uma inspiração para continuarmos avançando na construção de um Brasil mais justo e desenvolvido através da ciência”, completou.
Na cerimônia de abertura, representantes das instituições responsáveis pelo Congresso também reforçaram a importância do evento na formação dos futuros profissionais e, para isso, evocaram a própria trajetória, tendo muitos deles dado os primeiros passos na carreira a partir da iniciação científica.
O pesquisador João Antunes, que representou a chefia-geral da Embrapa Agricultura Digital no evento, é um exemplo. Hoje com 30 anos no quadro da Embrapa, ele contou que seu primeiro contato com a instituição foi como bolsista em um programa do CNPq. Para ele, é preciso ter o dom e gostar da carreira científica, que exige o estudo constante. “É isso que seguimos fazendo e é sempre gratificante observar os mais jovens ingressando também nesta área”.
José Gilberto Jardine, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia na Embrapa Territorial, ressaltou que, hoje, a experiência na iniciação científica não prepara o profissional somente para atuação exclusiva em pesquisa e em instituições públicas. Paula Packer, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, lembrou que, cada vez mais, este perfil também é desejado no setor privado. “As empresas privadas estão investindo em cientistas, então é de extrema importância os bolsistas terem esta oportunidade para troca de conhecimentos com diversos atores, abrindo e traçando esses novos caminhos”.
Além de oferecer aos jovens pesquisadores a oportunidade de publicar seus trabalhos, o Congresso também abre espaço para que apresentem suas pesquisas. Essa expectativa gera uma tensão que cada participante enfrenta à sua maneira.
Aluna de Engenharia Florestal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Julia Pennachin, 26 anos, foi selecionada para expor no auditório do IAC o seu estudo da estimativa do estoque de carbono das áreas florestais e de pastagem no município de Cacoal, RO, trabalho vinculado a um projeto desenvolvido pela Embrapa Territorial. Ela conta que o preparo começou duas semanas antes do evento, com treinos diários em casa e ajustes na apresentação. Na véspera, a jovem repassou suas falas e optou por relaxar assistindo a um filme à noite. No final, tudo saiu bem.
Com duas experiências anteriores de apresentação – uma remota, durante a pandemia, e outra presencial, no ano passado, em Pirassununga, SP -, Julia admite ter sentido uma grande ansiedade, mas acredita que as experiências somadas ajudam a dar mais confiança em si mesma. “Percebo que estou melhorando aos poucos. No ano passado, fiquei extremamente nervosa por ser minha primeira apresentação presencial após o período de pandemia. Este ano, embora ainda sentisse nervosismo, me senti mais à vontade”, revelou.
A ansiedade mexe de forma diferente com o jovem Rafael Vidotte (FOTO AO LADO), 22 anos. “Quando fico nervoso, tenho o hábito de andar. Estava na sala de casa pensando na apresentação e, quando percebi, já estava na cozinha; depois ia para o jardim e voltava, sempre refletindo sobre o que iria apresentar”, sorriu. Aluno de Geografia da Unicamp, Rafael apresentou sua análise da dinâmica espacial da produção de tilápia e as estruturas de processamento de pescado no Brasil durante a sessão de pôsteres. O trabalho está vinculado ao mapeamento da aquicultura, coordenado pela Embrapa Territorial.
Receber feedbacks positivos sobre seu trabalho aumentou sua confiança. Para ele, o grande aprendizado dos bolsistas Pibic e Pibit que participaram do CIIC vai além da experiência no congresso; trata-se também do desenvolvimento de habilidades práticas através da iniciação científica em uma empresa voltada para a aplicação real da pesquisa.
Trabalhos selecionados
Ao todo, a Embrapa teve 24 trabalhos aprovados para o evento, nove para a sessão oral e 15 para a sessão pôster. Abaixo, estão listados os trabalhos apresentados na sessão oral pelos bolsistas vinculados aos centros da Embrapa.
EMBRAPA MEIO AMBIENTE
– Levantamento de insetos associados à noz-macadâmia
Bolsista: Ana Júlia Dias dos Reis Barbosa | Orientadora: Jeanne Scardini Marinho Prado
– Perfil de compostos fenólicos de resíduos da elaboração de vinho no Estado de São Paulo
Bolsista: Caroline Pereira Mourão Moraes | Orientador: Aline Telles Biasoto Marques
– Avaliação da performance das projeções de precipitação e umidade relativa de modelos do CMIP6 no Brasil
Bolsista: Gabriel Carlos Martins de Oliveira, orientadora Emilia Hamada
EMBRAPA AGRICULTURA DIGITAL
– Reconstrução de cenas 3D para geração de dados sintéticos para detecção de frutos
Bolsista: Sara Andrade Veronese dos Reis | Orientador: Thiago Teixeira Santos
– Padronização de dados de solo de experimentos de longa duração
Bolsista: Hugo Henrique Teixeira Sanches | Orientadores: Debora Drucker / Carla Macário
– Análise dos regressores GPR, GLM e K-Nearest Neighbors para a estimativa do número de frutos em laranjeiras
Bolsista: André Luiz Valério Almeida | Orientador: Kleber Sampaio de Souza
EMBRAPA TERRITORIAL
– Estimativa do estoque de carbono das áreas florestais e de pastagem de Cacoal, RO
Bolsista: Julia Alves Pennachin | Orientador: Carlos Cesar Ronquim
– Avaliação do modelo Climex em zoneamentos de áreas favoráveis ao desenvolvimento de Diaphorina citri e Tamarixia radiata
Bolsista: Leticia Barbosa |Orientador: Rafael Mingoti
– Caracterização da dinâmica espaço temporal da exportação agropecuária brasileira por portos marítimos e fluviais para dez produtos agropecuários
Bolsista: Maria Eduarda Silva de Oliveira | Orientador: Rafael Mingoti
Palestra
Deise Capalbo, ex-pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, falou aos participantes do 18º Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica – CIIC 2024, em 28 de agosto, às 9h30. O tema abordado pela pesquisadora foi a comunicação em biossegurança, se houve mudança na percepção pública sobre o uso de OGM.
Capalbo disse que nos últimos 12 anos observou e aprendeu sobre comunicação na eda Ciência. “Potenciais conflitos de interesse podem acontecer pois cada um de nós tem uma experiência de vida. A beleza da ciência é poder questionar e ser questionada”, disse.
Para a pesquisadora, se houver evolução da metodologia ou algo novo, a condição pode ser ratificada ou destruída, conforme as evidências que dão a base mais sólida para se aceitar ou rejeitar essa condição.
“É preciso comunicar fatos e não opiniões. Em pesquisa feita em 2023 mostrou que, no Brasil, a confiança nos cientistas é mais alta quando comparada a outros profissionais”. Desde o início dos trabalhos com OGMS, a aceitação melhorou conforme a comunicação foi feita baseada em fatos, concluiu.
Fonte: Embrapa Territorial
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