Dia de campo amplia conhecimentos sobre plantio de mandioca aos agricultores familiares

A Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) realizou, na última sexta-feira (4), o Dia de Campo Cultura da Mandioca, no Cepaer (Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer), em Campo Grande. O evento reuniu mais de 200 agricultores familiares de todo o Estado, técnicos e representantes de instituições de pesquisa, com o objetivo de promover capacitações e compartilhar inovações sobre o cultivo e a comercialização da mandioca de mesa e de indústria.

A programação diversificada contou com quatro estações que abordaram temas, como qualidade na produção de mandioca de mesa, novas variedades de mandioca de mesa, controle da mosca branca da mandioca do Cerrado e mecanização da cultura da mandioca.

O chefe do setor de Transferência de Tecnologia do Cepaer, Eduardo Aguiar, reforçou a importância de promover um evento específico para a mandioca uma das culturas mais significativas para a agricultura familiar em Mato Grosso do Sul.

“A mandioca é uma tubérculo genuínamente brasileiro, existem registros que indicam que há mais de 9 mil anos ela é cultiva pelos povos indígenas”, diz Eduardo que tem atuado no Cepaer “pelas transferência de tecnologias de produção. A gente trabalha com novas variedades de mandioca, introduz aqui e avalia nos campos [sítios de produtores] avançados em diferentes regiões do Estado. Só no Cepaer, estamos com uma área com 12 novas variedades de produção. Isso porque é preciso considerar que a cultivar que vai bem na região do Pantanal não necessariamente é a ideal para a região sul do Estado”.

O melhoramento genético esteve entre os destaques do dia. Tema este apresentado pelo pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Marco Antônio Rangel, que citou variedades da mandioca de mesa desenvolvidas pela Embrapa que são as BRS 396, 399 e 429 que já estão sendo cultivadas no Centro-Oeste, e que já estão sendo testados em área de cultivo no Cepaer.

“Estamos trabalhando em variedades que aliam boa produtividade e qualidade culinária, com resistência a doenças e pragas. Essas características garantem um produto mais atrativo para o consumidor e com maior retorno financeiro para o produtor”, destacou Rangel que vê no Cepaer “um aliado porque as variedades 396, 399 e 429 estão sendo aplicadas aqui pela Agraer, a fim de avaliar o desenvolvimento, com a perspectiva de serem levadas até os sítios dos agricultores.

Rangel também apresentou outras três variedades, as BRS 397, 398 e 401 que estão sendo estudadas pela Embrapa, com perspectiva de chegar em MS. “A parceria com a Agraer é essencial para trazer essas outras três variedades. Mas, é um processo que leva tempo considerando que cada melhoramento genético leva de 10 a 12 anos de pesquisa”.

Saindo do tempo de pesquisa e avaliando os resultados em caixa, a agricultora Jivanil Moura, mais conhecida por Nenê, do assentamento Santa Mônica, de Terenos, conta que está satisfeita com os ganhos ao longo dos seus 12 anos atuando no setor com a agroindústria de mandioca de mesa.

“Já cheguei a entregar 3.500 kg por mês, só que hoje, devido a crise climática, à falta de mão de obra, estou entregando de 1.500 até 2.500 quilos, sendo entregas de 500 a 600 kg semanais”, calcula Nenê, que vê na assistência técnica da Agraer e na força do seu trabalho a satisfação vista em números.

“Graça a Agraer e ao meu trabalho, entrego meu produto com variedade de preço, do atacado, restaurantes e mercados até o varejo, consumidor final. Aí é possível ter uma renda de até 8 mil reais por mês ou dez mil se tiver uma produção em grande escala. Estou satisfeita, não troco não. Com assistência, planejamento, não é só plantar, é gradear, tratar bem a mandioca, cuidar da mosca, do mandruvá, do mato, de tudo. Aí você cuidou ali, pode ter certeza que a mandioca é o ano inteiro, você samba [cultiva] com a mandioca e o pagode [dinheiro] está na sua mão “, brinca a produtora.

Para o diretor-presidente da Agraer, Washington Willeman, esses encontros são essenciais para a prestação de serviços de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural).

“Os dias de campo são ferramentas estratégicas para aproximar a pesquisa, o conhecimento e as novas tecnologias do agricultor familiar. Eles permitem que produtores tenham acesso a informações atualizadas e possam ver, na prática, os resultados de novas técnicas e variedades adaptadas às suas realidades”, afirmou o dirigente na abertura do evento.

Além das estações de conhecimento, o evento contou com um mesa redonda sobre a comercialização da mandioca de mesa, mediada pelo diretor de abastecimento e mercado da Ceasa, Fernando Begena, que discutiu estratégias para aumentar a competitividade dos pequenos produtores no mercado.

Ao final, ramas de mandioca das variedades BRS 396 e 399 foram distribuídas aos agricultores participantes.

Fonte: Agraer

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