Embrapa Cocais define bioeconomia, inovação social e sistemas sustentáveis como focos de atuação

Uma das mais jovens Unidades da Empresa, a Embrapa Cocais, imersa em um ambiente relevante para a agenda de pesquisa e inovação, inicia uma nova fase. Localizada no estado mais rural do País, o Maranhão, em uma região de transição, a agenda do centro contempla dois dos principais biomas brasileiros – a Amazônia e o Cerrado.

Na Amazônia maranhense, cujos índices de desenvolvimento humano são os menores do País, destaca-se o desafio da inclusão socioprodutiva com sustentabilidade de agricultores familiares e de povos e comunidades tradicionais. Por outro lado, na região de Cerrado está a maior fronteira agrícola do País, denominada Matopiba, que representa 33% do estado e, pelas projeções do Mapa, deve crescer 37% nos próximos anos. Nesse ambiente, tecnologias para o avanço das commodities em regiões de alta temperatura e solos mais arenosos trazem igualmente desafios para o crescimento dessa fronteira com a necessária sustentabilidade da produção em uma região que está dentro da Amazônia Legal.

Assim, mais produtividade com menos impacto ambiental e mais inclusão socioprodutiva a partir da agricultura familiar e dos recursos da biodiversidade é a essência dos três grandes focos de atuação da Embrapa Cocais: bioeconomia, inovação social e sistemas produtivos sustentáveis. Esses três eixos irão orientar os temas de pesquisa e o perfil dos novos profissionais egressos do concurso público em 2024 e do Banco de Talentos e a infraestrutura física da Embrapa Cocais, a ser construída nos próximos anos com os recursos do Novo PAC.

Esses focos foram definidos a partir de uma ampla discussão com todos os empregados da Unidade, de maneira colaborativa, incluindo expertises da Rede Embrapa e instituições de pesquisa, parceiros públicos e privados (setor produtivo), sempre com foco na inovação tecnológica atrelada à inovação aberta (cocriação de soluções em parceria com clientes) e social (cocriação de soluções para resolver necessidades e problemas sociais). Esse modelo de gestão com participação é uma das premissas da construção desse novo ciclo da Embrapa Cocais. Acesse os eventos aqui.

Modelo de inovação aberta e social
Para cumprir sua missão, a Embrapa Cocais deve ampliar a atuação em rede com a Embrapa, agentes de C&T e instituições públicas (universidades, secretarias e órgãos do governo estadual e municipal, entre outros) e privadas (produtores, agroindustriais e indutores) e sociedade civil organizada, construindo modelo de inovação aberta e social em rede – mais leve e integrado às demandas agropecuárias – para fazer entregas e diversificar fontes de recursos e ainda minimizar contrastes e fortalecer o desenvolvimento regional pelo apoio a políticas públicas. Assim, a Embrapa no Maranhão reflete a força de toda a Embrapa, de seus 43 centros de pesquisa e quase 2.500 mil pesquisadores em rede, somada ao sistema de pesquisa do estado – mais de 5 mil professores pesquisadores que formam mais de 30 mil profissionais todos os anos – articulando ambientes de inovação nas cadeias.

A Embrapa Cocais pretende ser um modelo de operação para a Rede Embrapa. Como Unidade nova, carrega o aprendizado de 50 anos da Embrapa. Esse trabalho colaborativo e sinérgico com o ecossistema de inovação maranhense – ciência e tecnologia, iniciativa privada (produtores, agroindustriais e indutores), poder público e sociedade civil organizada – impulsiona arranjos produtivos e desenvolvimento territorial inclusivo e sustentáveis, contribuindo para consolidar a Embrapa Cocais e tornar o Maranhão uma potência agrícola. “O estado tem bastante fôlego para crescer e muitas demandas a solucionar. E é na força desses quatro elos do ecossistema, cada um destravando os processos que atravancam a inovação, que a transformação se materializa”, diz o chefe-geral, Marco Bomfim, que destaca que o compromisso é garantir a sustentabilidade da atividade produtiva, a harmonização entre desenvolvimento econômico e conservação ambiental para garantir o usufruto dos recursos naturais para as gerações futuras e a inclusão socioprodutiva da agricultura familiar e extrativismo. “Para isso, vamos avançar na bioeconomia e na bioeconomia inclusiva e no mercado de serviços ambientais – valorizando a floresta em pé, agregando valor aos produtos da biodiversidade e repartindo-o com as comunidades locais – e impulsionar, com intensificação sustentável, o mercado das commodities e da produção pecuária com uma agenda voltada para a produtividade nesses ambientes de fronteira, sem deixar de lado o controle de pragas e doenças com uso de biológicos, os indicadores de sustentabilidade e a integração lavoura-pecuária-floresta.

Para dar seguimento a essa agenda, a Embrapa Cocais, a partir de recursos do PAC, irá construir sua sede e laboratórios, com capacidade de determinar carbono e gases de efeito estufa, avaliação de alimentos para nutrição animal e humana, planta piloto para desenvolvimento de novos alimentos, microbiologia para suporte à área de alimentos quando para prospecção de biológicos de interesse agrícola, química vegetal, além de uma estrutura inovadora de living lab para cocriação e desenvolvimento de inovações sociais. Para isso pesquisadores, analistas, técnicos e assistentes das áreas de produção animal e vegetal, além de engenheiros químicos e de alimentos, microbiologistas, especialistas em avaliação de serviços ecossistêmicos, inovação social, dentre outros, serão necessários para abraçar essa missão. “Estamos entendendo que é uma grande oportunidade para os colegas embrapianos que desejam novos desafios, ocupar espaço de liderança e protagonismo e que queiram fazer entregas relevantes para uma região de alta demanda e ainda participar, desde a origem, para a construção de uma nova Unidade da Embrapa, exercer liderança e protagonismo e, com isso, escrever seu nome na história da Embrapa e do Maranhão. Por isso convidamos colegas da Embrapa especialistas em uma dessas áreas e interessados a se inscreverem no Banco de Talentos e contribuir com a missão aqui no Maranhão”, destaca.

O contexto da Embrapa no Maranhão
O estado tem cerca de 75% da sua área na Amazônia Legal, com seu território dividido entre os dois principais biomas do País – Cerrado e Amazônia¸ além da zona de transição dos cocais e da baixada. Além disso, 33% de sua área está na região da maior fronteira agrícola do País, denominada Matopiba, cuja produção crescente de grãos escoa direto para o mercado internacional pelo porto do Itaqui, em São Luís, segundo maior exportador de soja do país em 2022. É o estado agrícola com maior proporção de população rural (39%) e menor urbanização. São cerca de 220 mil estabelecimentos rurais espalhados nos seus 33 milhões de hectares. De grande plasticidade produtiva, riqueza e diversidade de recursos naturais, é um dos dez maiores produtores agrícolas do País e a quarta economia do Nordeste. Por outro lado, possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano e a maior pobreza rural do País. No ranking do desmatamento, é o segundo no Cerrado e o quarto no bioma Amazônia. A Embrapa Cocais tem atuação em todas essas regiões do estado, prevalecendo agronegócio na região da Matopiba (Cerrado) e a agricultura familiar e o extrativismo nas demais regiões. Para isso, conta com uma equipe de 46 colaboradores atuando na sede da Unidade, na capital São Luís, na Unidade de Execução de Pesquisa (UEP) de Balsas e no Campo Experimental em Arari.

As tecnologias da Embrapa Cocais para a agricultura familiar estão fortemente presentes nas culturas do arroz, feijão, mandioca e milho e em sistemas de produção diversificados, como a Roça Sustentável, o Sisteminha e os Sistemas Agroflorestais, entre outros. Para os grandes produtores do Cerrado, desenvolve cultivares de soja adaptadas às condições tropicais locais que permitiram a expansão da cultura e outras associadas ao sistema de produção de grãos, incluindo milho, sorgo, milheto e algodão. Trabalha-se pela intensificação e diversificação produtiva com sustentabilidade ambiental do mercado das commodities e da bovinocultura. Os próximos passos serão novas culturas de safrinha e Integração Lavoura-Pecuária, controle de pragas, recomendações de fertilizantes e nutrientes e estratégias de compensação ambiental. Na Amazônia maranhense, o centro de pesquisa trabalha pelo fortalecimento da transferência de ativos já desenvolvidos pela Embrapa para os produtores da agricultura familiar na região. As ações englobam recuperação dos sistemas agroflorestais – com ênfase em fruticultura e hortaliças – e mercado de serviços ambientais. Há também pesquisas para geração de produtos da biodiversidade de valor agregado e com potencial para negócios com identidade sociocultural. Com as comunidades extrativistas, especialmente as quebradeiras de coco babaçu, realiza inovação social, apoiando o desenvolvimento de novos processos alimentícios e novos alimentos do coco babaçu.

Fonte: Embrapa Cocais

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