Embrapa é homenageada pelos 50 anos na Câmara Legislativa do DF

Evento teve a participação da presidente Silvia Massruhá; da diretora Selma Beltrão; do presidente do Sinpaf, Marcus Vinicius Vidal; e dos chefes das unidades de pesquisa da Embrapa no DF

A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) prestou homenagem à Embrapa pelo aniversário de 50 anos em sessão solene realizada no último dia 22. O evento foi proposto pelo presidente da CLDF, deputado Wellington Luiz, e teve a participação da presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, da diretora de Pessoas, Serviços e Finanças da Empresa, Selma Beltrão, do presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), Marcus Vinicius Vidal, dos chefes e empregados das cinco unidades de pesquisa sediadas no Distrito Federal e da deputada federal Erika Kokay. Durante a solenidade, parceiros das unidades no DF foram homenageados.

“É motivo de orgulho poder fazer parte de um momento tão importante de uma das empresas mais relevantes do País, um dos órgãos de que dependemos tanto. A sessão solene é uma homenagem simples, mas é uma forma de reconhecer a importância desses heróis invisíveis que a população talvez não conheça, mas que sem vocês passaria dificuldades talvez imensuráveis”, disse Wellington Luiz, agradecendo aos empregados da Embrapa.

Silvia Massruhá agradeceu à CLDF pela homenagem à Embrapa e ressaltou que o trabalho de 50 anos da Empresa foi realizado em parceria com os órgãos estaduais de pesquisa, em parcerias público-privadas e, principalmente, com os produtores rurais. “Se não fossem os produtores para trazerem as demandas para a Embrapa e para nos ajudar a validar as tecnologias, a agricultura brasileira não chegaria ao ponto em que se encontra”, afirmou.

A presidente da Embrapa fez um histórico sobre a instituição, fundada em 26 de abril de 1973 a partir da criação, pelo então ministro da Agricultura Luís Fernando Cirne Lima, em 1972, do grupo de trabalho que idealizou a Empresa, liderado por José Irineu Cabral, que se tornaria o primeiro presidente, e Otto Schrader, do Ministério da Agricultura. Ela citou as contribuições de líderes como Eliseu Alves, segundo presidente da Embrapa, e de Alysson Paulinelli, ex-ministro da Agricultura, que estabeleceram as bases da Empresa. “Agradeço a todos aqueles homens e mulheres que se engajaram nesse projeto. O Brasil não seria o que é sem o pioneirismo deles”.

A sustentabilidade, segundo Massruhá, tem sido o fio condutor da Embrapa ao longo de seus 50 anos. Além dos investimentos em infraestrutura, centenas de pesquisadores foram enviados a diversos países para cursarem mestrado ou doutorado. Ao retornarem à Empresa, contribuíram, em parceria com outras instituições, para a revolução da agropecuária que permitiu ao País aumentar a produtividade e poupar milhões de hectares de áreas naturais, tornando-se uma potência agrícola no século XXI. 

“Isso se deu graças a um conjunto de conhecimentos e tecnologias com forte impacto na sustentabilidade econômica, ambiental e social”, disse, pontuando que as pesquisas em fertilidade dos solos, manejo e genética possibilitaram que o Brasil se tornasse líder mundial em culturas como café, cana-de-açúcar, soja, carnes, milho, feijão, arroz, algodão, entre outros. “Nesses 50 anos, aumentamos a área plantada em 140% e a produção e a produtividade em 580%. Isso mostra uma agricultura sustentável não só do ponto de vista econômico, mas também ambiental e social. Chamamos essas tecnologias sustentáveis de tecnologias ‘poupa-terra’”, disse, citando o caso da soja, em que o uso de tecnologias garante uma economia de 71 ha de áreas plantadas.

Massruhá enfatizou que a Embrapa atende aos diversos públicos da agropecuária brasileira, citando a geração de soluções e conhecimentos para milhões de pequenos e médios produtores rurais, o que contribuiu para o aumento da oferta de alimentos e a diminuição do preço da cesta básica. “Nos seus 43 centros, a Embrapa trabalha de açaí a zebu. No nosso portfólio de 4 mil tecnologias disponíveis, temos aproximadamente 1,8 mil a 2 mil soluções para a agricultura familiar”, afirmou. “Costumo dizer que só chegamos até aqui porque andamos de mãos dadas com pequenos, médios e grandes produtores que se engajaram na adoção das tecnologias geradas pela ciência brasileira. Produtores de todos os portes podem colaborar com a agroindústria e constroem as bases para o futuro”, completou.

As contribuições de parceiros como instituições de pesquisa, universidades, entidades representativas do setor produtivo, empresas e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário também foram ressaltadas pela presidente da Embrapa. “Todo esse sistema precisa de fortes políticas públicas para se tornar cada vez mais eficiente e sustentável. Por isso, agradeço a esta Casa pelo apoio à pesquisa agropecuária brasileira. Investir em ciência é investir em soberania nacional, na garantia da segurança alimentar e na qualidade de vida dos brasileiros”, declarou.

Ela apontou que nova diretoria-executiva da Embrapa, empossada em maio deste ano, está empenhada em garantir que a Empresa continue sua jornada “mais forte do que nunca”, potencializando os resultados gerados pelos centros de pesquisa do DF em sinergia com as demais unidades. “Para isso, faremos os ajustes estratégicos e administrativos necessários para que continuemos sendo cada vez mais referência em agricultura tropical”.

Segundo Massruhá, a nova gestão tem como prioridade gerar tecnologias para a descarbonização da agricultura e a sustentabilidade, argumentando que o futuro demanda a compreensão de novos comportamentos de consumo, como a exigência de alimentos saudáveis, rastreáveis e produzidos em bases sustentáveis. A presidente também salientou o compromisso da Embrapa com a redução de desigualdades e o combate à fome. 

“Por isso, é fundamental promover a inclusão produtiva social de pequenos e médios produtores. Isso nos exige constância e excelência para nos manter na vanguarda da ciência tropical e na fronteira do conhecimento em diversas áreas, como biotecnologia, engenharia genética, nanotecnologia, automação, agricultura de precisão e agricultura digital. E nos exige estar atentos aos desafios impostos pelo avanço da inteligência artificial generativa, do metaverso, da cibersegurança, da computação e da física quântica”, afirmou. 

Massruhá agradeceu a todos os empregados da Embrapa, considerada por ela “um celeiro de mentes brilhantes e almas comprometidas”. “Sou muito grata por ser empregada da Embrapa há 34 anos e por estar hoje liderando essa empresa tão importante. Só aceitei esse desafio por ter certeza de que teria comigo uma legião de pessoas extremamente competentes. Parabenizo os 7700 empregados da Empresa. Tenho muita honra de contar com essa equipe”, finalizou.

A diretora Selma Beltrão informou que, no DF, a Embrapa tem cerca de 1,5 mil empregados atuando na sede da Empresa e nos cinco centros de pesquisa. Ela salientou a importância das casas legislativas para o avanço da Embrapa. “Contamos com o apoio desta Casa para contribuir cada vez mais para que a pesquisa agropecuária no DF e no Entorno possa atender a um número maior de produtores dos diversos portes, desde os assentados aos empresários agrícolas. Contamos também com o apoio para importantes parceiros que temos aqui, como a Emater-DF, as universidades, o Instituto Federal de Brasília, o Parque Tecnológico. Trabalhamos em parceria direta, em rede, não só no DF como no Brasil como um todo”, disse. 

Ao falar sobre as contribuições da Embrapa para a agricultura brasileira, Marcus Vinicius Vidal ressaltou que isso só foi possível graças ao investimento público em infraestrutura e, principalmente, na contratação e qualificação de pessoas. O presidente do Sinpaf apontou o combate à fome no Brasil como um grande desafio atual para a pesquisa. “Um dos motivos da criação da Embrapa foi combater a fome no País e não deixar que ele caísse em insegurança alimentar. Ainda há milhões de brasileiros nessa condição e a Empresa tem um papel importante nisso por meio das pesquisas. Para vencermos esse desafio, precisamos ter em mente o desafio de um futuro social, econômica e ambientalmente inclusivo. A Embrapa se prepara para o futuro e não se furtará da sua missão”, afirmou.

“O trabalho da Embrapa vai para a mesa do povo brasileiro e ajuda na construção dos superávits necessários ao desenvolvimento do País. A Embrapa significa a ciência a serviço da própria população. E significa aumentar a produtividade, mas também inovar e criar, porque o exercício da ciência através das pesquisas é um exercício de liberdade. São exercícios que reafirmam e coadunam a nossa própria humanidade”, comentou a deputada federal Erika Kokay, salientando o compromisso da Empresa com o Brasil.

Chefes destacam papel dos centros de pesquisa e desafios futuros 

O chefe geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Marcelo Lopes, destacou que a data da solenidade também marca o aniversário da unidade de pesquisa, que completou 49 anos e tem como objetivo conservar toda a diversidade da agricultura e da pecuária do Brasil. “É a unidade que tem o banco genético, que trabalha com biotecnologia, com genética e outras ciências da fronteira do conhecimento. Auxilia as outras unidades da Embrapa e também é auxiliada por elas nas pesquisas”, explicou.

Warley Nascimento, chefe geral da Embrapa Hortaliças, agradeceu à CLDF pelo apoio ao longo dos 42 anos de existência da unidade. Ele apontou que a unidade de pesquisa desenvolve produtos e tecnologias e capacita os produtores rurais do DF e Entorno, região produtora e exportadora de hortaliças. 

“Embora tenhamos mandato para trabalhar em todo o território nacional, esses produtores de certa forma são beneficiados com os trabalhos da Embrapa. E é claro que a Embrapa não faz isso sozinha. Temos vários parceiros, como a Secretaria de Agricultura, a Emater-DF, cooperativas e produtores”, disse, citando a parceria com a Cooperativa Agrícola da Região de Planaltina (Cootaquara), homenageada durante o evento. 

O chefe geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, lembrou que os 50 anos de trabalho da Embrapa transformaram o Brasil, em grande produtor e exportador de alimentos como soja, milho, carne de frango, carne bovina, entre outros, graças à pesquisa científica, que adaptou diversos produtos ao ambiente tropical. 

“Aos chegar aos 50 anos com esses resultados, temos a exata noção da importância desse momento e dessa marca. Mas, muito maior que isso, é a preocupação e o sentimento de responsabilidade sobre os nossos ombros de continuar essa jornada, porque o desafio vencido do início até hoje talvez seja menor que os desafios que vamos vencer doravante”, projetou,  pedindo o apoio de todos na revitalização do quadro de funcionários da Embrapa.

Antônio Guerra, chefe geral da Embrapa Café, explicou que o centro coordena o Consórcio Pesquisa Café, envolvendo 46 instituições de pesquisa, incluindo oito unidades da Embrapa, e com atuação em todas as regiões produtoras do País. Ele destacou que o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, sendo que de cada três xícaras consumidas no mundo, uma é brasileira. 

“A cultura do café acompanha o desenvolvimento do nosso país. Hoje, temos em torno de 340 mil produtores (de café), sendo que 82% são produtores familiares. Temos que trabalhar não só em sustentabilidade, mas também com a regeneração de algumas áreas mal utilizadas ao longo do tempo. Por isso, de dois anos para cá, a cafeicultura nacional está voltada a uma cafeicultura regenerativa com os três pilares da sustentabilidade”, afirmou, acrescentando que apesar de não ser um grande produtor de café, o DF é reconhecido mundialmente por produzir alguns dos melhores cafés do mundo. 

O chefe geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, comentou que a história da agricultura brasileira se confunde com a história da Embrapa, lembrando que a Empresa teve participação fundamental nas três grandes fases da agricultura do Brasil – a expansão, em área, do Sul e Sudeste para o Centro-Oeste, com a adaptação de tecnologias; o aumento de produtividade, com o desenvolvimento, por meio da ciência, de novos produtos e sistemas de produção; e a atual fase de sustentabilidade, em que a produtividade deve ser aumentada com menor impacto ambiental. 

“Provavelmente, viveremos uma nova revolução na nossa agricultura, na qual ela vai continuar a alimentar a população brasileira e mundial, além de suportar, em alguma medida, um novo processo de industrialização no País, uma indústria verde, sustentável, que convencionamos chamar de nova bioeconomia. O papel da Embrapa nessa nova revolução é comparável ao que ela teve nesses 50 anos, e o DF, onde temos cinco centros de pesquisa, é central nessa agenda”, disse, citando a carteira de projetos da Embrapa Agroenergia voltados ao desenvolvimento de novas tecnologias em bioenergia, bicombustíveis e outros bioprodutos. 

Unidades do DF homenageiam parceiros locais 

Os cinco centros de pesquisa da Embrapa representados na sessão solene prestaram homenagem a parceiros de relevância para as pesquisas. Produtores rurais e cooperativas do DF receberam certificados de homenagem do presidente da CLDF e dos chefes gerais das unidades com quem mantêm parceria.

A Cooperativa Agrícola do Rio Preto (Coarp), parceira da Embrapa Agroenergia, foi representada pelo presidente da entidade, Valter Baron. A Coarp apoiou o projeto Procanola, que tem como objetivo desenvolver um sistema de produção sustentável para o cultivo e processamento do óleo de canola no Cerrado, com foco na bioeconomia. Os produtores cooperados participaram da validação de cultivares comerciais de canola pré-selecionadas, do sistema de produção e da viabilidade técnica do cultivo

Baron parabenizou os empregados da Embrapa. “Graças a vocês, o mundo tem menos fome hoje. Obrigado pela parceria e pelos instrumentos que nos colocam à nossa disposição para nos realizarmos profissionalmente, produzindo alimentos não apenas para ganhar dinheiro, mas principalmente para saciar a fome dos cidadãos urbanos, que são a maioria no Brasil e no mundo. Continuem fazendo esse trabalho essencial para o ser humano”, disse.

Parceiro da Embrapa Café, o produtor e proprietário do Café Minelis, Carlos Minel, manifestou orgulho de participar da sessão solene. “Este é num dia histórico porque estamos comemorando talvez a maior revolução agrícola produtiva por que o mundo passou nos últimos dois séculos”, destacou. 

Com o uso de tecnologias e o excelente manejo das lavouras e dos grãos, o Café Minelis é reconhecido nacional e internacionalmente, tendo recebido diversos prêmios desde 2013. A empresa fornece grãos para as melhores torrefadoras do mundo, realiza a torra artesanal e atua ainda no ramo do turismo rural, promovendo visitações à fazenda Novo Horizonte, no Lago Oeste (DF).

A Fundação Cerrados, representada pelo presidente Luiz Fiorese, foi homenageada pela parceria com a Embrapa Cerrados nas pesquisas em melhoramento genético e desenvolvimento de cultivares de soja adaptadas ao Bioma Cerrado. Ele destacou que, além da transformação do Cerrado em área produtiva, as tecnologias geradas pela Embrapa contribuíram para a significativa melhoria da qualidade de vida das pessoas e o aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) na região. 

“Fala-se que a cada real investido na pesquisa da Embrapa, R$ 12 retornam em desenvolvimento. É muito mais que isso. Precisamos ‘vender’ aquilo que nós fizemos. O mundo mudou e só vai permanecer em qualquer setor da atividade quem for eficiente e absorver a tecnologia”, disse, agradecendo a homenagem em nome de todos os produtores brasileiros.

Homenageada pela Embrapa Hortaliças, a Cooperativa Agrícola da Região de Planaltina (Cootaquara) foi representada pelo presidente Maurício Rezende. Ele contou que desde que foi criada, em 2001, a cooperativa, composta por agricultores familiares, recebeu o apoio da Embrapa. A Cootaquara comercializa produtos hortigranjeiros, especialmente hortifrutis. 

“Para entrarmos nas grandes redes de varejo, tivemos que fazer todo um treinamento dos nossos pequenos produtores, e a Embrapa Hortaliças foi fundamental. Em 2010, ganhamos o prêmio de primeiro lugar em qualidade como fornecedor das redes Carrefour e Pão de Açúcar no Centro-Oeste. Isso graças ao trabalho da pesquisadora Milza Lana, que fez um trabalho de colheita e pós colheita com os produtores, ensinando como colher, guardar e transportar. Nossa gratidão eterna à Embrapa Hortaliças”, relatou.

Proprietário da Carbom Brasil Fertilizantes, Leandro Anversa recebeu a homenagem da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. A empresa e o centro de pesquisa desenvolveram um produto que associa um extrato vegetal nematotóxico a um biofertilizante natural. A tecnologia tem atividade nematicida superior a 97% contra o nematoide de galhas Meloidogyne incognita

“Desenvolvemos com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia um bioinsumo que vai ajudar muito a agricultura brasileira. É uma tecnologia nova, regenerativa e verde”, comentou Anversa, parabenizando e agradecendo à Embrapa pelo trabalho realizado no País.

A gravação da sessão solene na Câmara Legislativa do Distrito Federal em homenagem aos 50 anos da Embrapa pode ser assistida no canal TV Câmara Distrital no Youtube. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=uYYJ-ndJTNg.

Fonte: Embrapa Cerrados

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