HUdson Lissoni, à esquerda (da Itaipu Binacional) e Júlio Salton (da Embrapa Agropecuária Oeste)
Hudson Lissoni, engenheiro agrônomo da Divisão de Apoio Operacional da Itaipu Binacional, e Júlio Salton, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, apresentaram alguns resultados gerados pelo Programa AISA (Ação Integrada de Solo e Água) em Mato Grosso do Sul, aos participantes do Ponta Agrotec (Ponta Porã, MS), no dia 13 de junho. O AISA é uma parceria entre a Itaipu Binacional, Embrapa, IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater) e Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”).
Com 16 projetos de Pesquisa e Transferência de Tecnologias e um de Gestão da Informação o Programa abrange 228 municípios do Paraná e do Mato Grosso do Sul, na área de contribuição do reservatório de ITAIPU, território de importância nacional na produção de energia hidrelétrica e na produção agropecuária.
Lissoni explicou que a Itaipu, até 2003, era focada estritamente na produção de energia elétrica. “Agora, o foco é a produção de energia elétrica com sustentabilidade, segurança hídrica”. Entre as ações, estão saneamento, energias renováveis, obras sociais e manejo de água e solo. “A produção de água que alimenta os lençóis freáticos e nascentes e sua relação com a pecuária e a lavoura mostra que estas, quando produtoras de água, são mais rentáveis para o produtor rural e são práticas mais sustentáveis”, afirmou o engenheiro agrônomo da Itaipu.
Dados do Projeto no estado do Paraná mostram que áreas de agropecuária sem terraceamento resultam em perda de 45 m³/água/ha e de 3,5 toneladas/solo/ha. Já nos locais com terraços, a perda de água foi de 7 m³/ha e de solo a perda foi de 0,4 t/ha. Outras conclusões sobre o terraceamento é que ele proporciona mais matéria orgânica e porosidade no solo, enraizamento das plantas, disponibilidade hídrica, estabilidade de produção, maior produtividade das culturas e redução do custo de produção.
O pesquisador Júlio Salton, da Embrapa Agropecuária Oeste, explicou que o projeto de pesquisa do qual ele lidera as ações em Mato Grosso do Sul, está avaliando a infiltração de água no solo, com devolutiva das informações para orientação dos produtores rurais em suas propriedades. Segundo ele, o desafio é produzir de forma eficiente econômica e com menor impacto ambiental.
A pesquisa em Mato Grosso do Sul envolve três bacias hidrográficas: Bacias dos Rios Ivinhema, Amambai e Iguatemi, onde há diferentes solos e diferentes sistemas de produção sendo avaliados. “Estão sendo monitorados mais de 50 talhões com os principais sistemas de produção da região”, disse Salton.
As inovações que estão sendo geradas com estes trabalhos de pesquisas em MS estão em fase de validação e estão sendo trabalhados textura de solos; Diagnóstico Rápido de Estrutura do Solo (DRES); taxa de infiltração de água no solo com infiltrômetro; e matéria orgânica do solo (utilização do Índice de Qualidade de manejo do solo (IQMS) em Mato Grosso do Sul). “O volume de água que infiltra em áreas de lavoura com plantio convencional é menor do que nas com plantio direto. Na URT [Unidade de Referência Tecnológica] de Naviraí, houve infiltração de água no solo de 110 mm/h. No plantio convencional, a infiltração foi menos da metade: 49 mm/h, o que significa que mais de 50 mm contribuíram para a erosão do solo”, explicou o pesquisador.
“Hoje, em Ponta Porã [MS], existem 320 mil hectares de área com soja, com média de 67,4 sc/ha, um aumento significativo de 1985 para 2020. Houve intensificação da produção e o que se espera é que seja com sustentabilidade”, ponderou Salton.
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste
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