Instituto Pirbright receberá equipe da Embrapa entre os dias 26 de setembro e 16 de outubro.
Analistas e pesquisadores ligados às atividades do Laboratório Multiusuário para Biossegurança para a Pecuária (Biopec) da Embrapa Gado de Corte, localizado em Campo Grande (MS), estão de malas prontas para o Reino Unido. A equipe, formada por oito empregados, participará de treinamento entre os dias 26 de setembro e 16 de outubro, em biossegurança e bioproteção no Instituto Pirbright/Biotechnology and Biological Sciences Research Council (BBSRC), na cidade de Woking, distante 45 quilômetros de Londres. A proposta é financiada pelo CNPq/MCTI, voltada à capacitação estratégica em ambientes de alto nível de contenção biológica.
A missão da equipe em se atualizar em gerenciamento e operação dos ambientes de alto nível, bem como, atender como multiplicadores em treinamentos para novos usuários foi levada em consideração no planejamento do curso. “A programação é bastante ampla e aborda questões que atendem desde a gestão de um laboratório de alto nível de contenção biológica até controle de resíduos”, confirma a pesquisadora Lenita Ramires, integrante do grupo. Ela e o imunologista Flabio Araújo são os responsáveis pela iniciativa.
Após o treinamento, a Unidade da Embrapa terá condições de desenvolver estudos, mais aprofundados, em encefalopatia espongiforme bovina por meio de inativação em matrizes orgânicas e teste de inocuidade; desenvolvimento de vacinas para brucella abortus (brucelose) e cisticercose; kits de diagnóstico para tuberculose bovina e mormo; diagnóstico molecular de raiva, dentre outras, como revela Araújo.
Outro anseio é tornar esse grupo uma referência em capacitação no tema, não somente dentro da Embrapa. A virologista Vanessa Felipe, comenta que todos os participantes têm recebido constantes treinamentos em biossegurança e bioproteção, principalmente, nos últimos anos, o que justifica esse olhar audacioso. Felipe é especialista em febre aftosa e o Pirbright é um parâmetro quando se trata de estudos com o vírus da aftosa.
Já o parasitologista Paulo Cançado, que conduz as pesquisas com mosca-dos-estábulos na estatal, pretende conhecer e atuar em um laboratório de nível de segurança 4, com insetos e vetores. Para o futuro, enxerga ser factível investigar outros insetos, como mosca-dos-chifres e mosquitos, e essa relação com transmissão de doenças, por meio de parcerias com a instituição.
Cançado esteve na entidade há uns anos e, em parceria com o pesquisador Anthony Wilson do Instituto, desenvolveu um trabalho voltado para a sazonalidade e a modelagem de populações de mosca-dos-estábulos, trazendo avanços para a área.
O curso será liderado pela cientista Lizelle Gouverneur, chefe de desenvolvimento de negócios do Instituto; com Howard Rose, responsável pela engenharia em biocontenção; e Adrian Zagrajek, em biossegurança. Fumigação e selabilidade, calibrações CMR, autoclaves: operação e manutenção, gestão organizacional e de competências, gestão de biorisco, biocontenção, desinfecção, esterilização e gestão de resíduos, movimento de materiais infecciosos, resposta a emergências e planejamento de contingência e trabalhando com animais são assuntos propostos para a capacitação.
Capacidade da organização
Os pesquisadores destacam a qualificação da instituição inglesa, como um renomado centro de pesquisa especializado em doenças animais, especialmente naquelas com importância para a pecuária. A estrutura segue elevados padrões de segurança e biossegurança, no qual os especialistas podem manipular agentes infecciosos com risco para a saúde humana e animal, em seus 5.174 m2 de área em nível 4.
Laboratorista, Maxwell Parrella, considera a infraestrutura, que permite uma atividade dentro dos mais padrões internacionais, um diferencial que acrescentará aos participantes noções quanto à gestão de laboratório, manutenção, boas práticas, rotinas, bioproteção e, inclusive, gestão de riscos. Com a analista de laboratório Marlei Vicente, Parrella observará o que é possível ser implementado na Empresa ou, “no mínimo, melhorar os processos. Jogar uma luz na realidade do Biopec”. Por sua vez, a otimização de recursos e a flexibilização são pontos que Paulo Cançado registrará.
Diante dessas expectativas, Lenita Ramires relata que “o Instituto Pirbright contém três laboratórios de referência internacional (Laboratório de Referência para Doenças Vesiculares; Laboratório de Referência para Doenças Não-Vesiculares e Laboratório de Referência para Doença de Marek) para dez doenças virais exóticas do gado, os patógenos que estuda incluem alguns dos vírus mais contagiosos conhecidos, bem como vírus economicamente significativos, como o vírus da febre aftosa (FMDV), febre catarral ovina (BTV), vírus da peste de pequenos ruminantes (PPRV) e vírus da peste suína africana (ASFV)”.
Fonte: Embrapa Gado de Corte
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