Semadesc, Agraer e Fundect unem esforços para inserir agricultores familiares do MS no mercado de crédito de carbono, que visa integrar o desenvolvimento produtivo com ações de sustentabilidade e combate às mudanças climáticas.
Inserir a agricultura familiar no mercado de crédito de carbono já é uma realidade em Mato Grosso do Sul. Isso porque, nesta quinta-feira (7), o governador do Estado, Eduardo Riedel, assinou o memorando do Projeto Carbono Neutro para Agricultura Familiar, para execução do programa que tem a previsão de atender 800 famílias agrícolas, com foco nos biomas Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica. A meta dos trabalhos é implantar dois mil hectares de agrofloresta e, consequentemente, promover o armazenamento de 10 mil toneladas de carbono por ano. Número que deverá chegar a 400 mil toneladas de carbono em 20 anos.
Em sua fala, Riedel lembrou a importância do Programa Carbono Neutro que tem colocado o nome do Mato Grosso do Sul em um patamar de comprometimento com o desenvolvimento sustentável e de como esse projeto da agricultura familiar dialoga com as ações já implantadas dentro de sua gestão.
“Acredito que esse projeto é um divisor de águas porque com ele a gente mostra que é perfeitamente viável inserir os agricultores familiares dentro da premissa do mercado de crédito de carbono”.
Angélica Rotondaro, consultora no Brasil da Rabo Foundation, instituição holandesa, destacou a consistência do projeto elaborado pelo governo de MS e o quanto isso foi decisivo para que a instituição não-governamental, escolhesse a proposta sul-mato-grossense dentre outras tantas apresentadas por outras unidades federativas.
“Também avaliamos projetos de outros estados, mas o que deu maior aderência foi aqui no Mato Grosso do Sul junto com a CooperApoms e UFGD. Então, a partir daí que a gente pode contar com a inserção do governo do Estado [Agraer, Fundect e Semadesc] que trouxe ainda mais solidez para a proposta”, explica a consultora que vê nos agricultores familiares os grandes protagonistas para a execução do projeto. “Agora, é pensar como operacionalizar esse crédito para que chegue aos agricultores familiares, razão pela qual temos uma reunião com o governo do Estado, na tarde de hoje”.
A princípio o projeto será executado em etapas, ou seja, os 800 produtores entram ao longo dos 4 primeiros anos de modo escalonado. O sequestro de carbono será feito por meio da implantação de agroflorestas, tendo a Fundect e a Agraer como grandes aliadas. A Fundação no que tange a parte de editais e pesquisas tecnológicas, enquanto a Agraer caberá a parte da assistência técnica, fomento e armazéns de agrofloresta (viveiros). A estimativa é de que cada produtor tenha 2,5 hectares de agrofloresta em sua propriedade, totalizando 2 mil hectares até 2027.
“A Agraer terá o papel de identificar os agricultores familiares que têm interesse em participar desse projeto e promover a extensão rural, ou seja, assistência técnica no campo para dizer qual a matriz, espécie de árvore, mais indicada para a agrofloresta de cada propriedade. Tudo isso levando em consideração o solo e até mesmo o tempo de crescimento de cada espécie, de modo que o produtor possa ter o melhor custo benefício possível”, detalha o diretor-executivo Marcos Roberto Carvalho, que na ocasião representou o diretor-presidente Washigton Willeman.
Todo um trabalho inovador que coloca a agricultura familiar dentro da questão de sequestro de carbono e que pode, inclusive, colocar o MS como pioneiro e um modelo para outras instituições brasileiras que atendem os pequenos produtores rurais.
“Conversei com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, sobre o projeto e ele se interessou e disse ‘toca aí, se avançar é um projeto que podemos levar para todo o Brasil e, na próxima COP quero que vocês apresentem os resultados’, revelou o secretário da Semadesc, Jaime Verruck que, em seu pronunciamento, também destacou os ganhos diretos aos agricultores familiares, “Além de tudo isso, vale frisar que 80% do valor total desse crédito de carbono será uma remuneração para o agricultor familiar”
A meta é que o governo inicie o ano de 2024 com o projeto já em andamento. Só a parte da pesquisa já são estimados R$ 3 milhões para serem aplicados no projeto através de edital de extensão tecnológica da Fundect.
Para quem vive do campo as expectativas quanto ao projeto são as melhores possíveis. “Nossos agricultores familiares estão ansiosos com essa implementação e tem alguns que já estão se organizando antes mesmo do projeto sair do papel porque colocar a agricultura familiar no mercado de crédito de carbono já era o desejo de muitos produtores”, explica Antônio Paulo Ribeiro, coordenador técnico da CooperApoms.
A solenidade de assinatura do documento contou ainda com a participação do diretor-presidente da Fundect, Márcio Pereira, do vice-presidente da Cresol, Mauri Picoli, e do secretário executivo de Agricultura Familiar, Povos Originários e Comunidades Tradicionais da Semadesc, Humberto de Mello.
Fonte: Agraer
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