O uso de leguminosas forrageiras tropicais na criação de ruminantes em pastos de gramíneas é uma das maneiras mais sustentáveis de produzir carne e leite.
As leguminosas fixam nitrogênio no solo, o que melhora a qualidade do pasto e reduz a necessidade de fertilizantes.
Elas também fornecem aos animais uma dieta mais rica em proteínas. Venha saber mais:
O que sabemos sobre as leguminosas forrageiras tropicais
Pesquisas com leguminosas forrageiras em pastagens tropicais datam da década de 1940.
Instituições australianas iniciaram um agressivo programa de coleta de germoplasma ao redor do mundo tropical. Inclusive, o Brasil se mostrou um excelente centro de origem para muitas delas como Centrosema, Stylosanthes, Desmodium e Macroptilium.
Na década de 1970, intensas coletas por instituições latino-americanas visavam o desenvolvimento de cultivares para uso em pastagem.
Apesar dos esforços, na década de 1980, houve problemas com a persistência, surgindo fracassos com a importação de cultivares de leguminosas australianas, que eram suscetíveis a doenças endêmicas na região.
A persistência finalmente vem rendendo lucros, pois nos últimos 20 anos, a retomada das pesquisas com leguminosas forrageiras tropicais no Brasil, principalmente pelos programas de pesquisa da Embrapa e das Universidades, resultou em histórias de sucesso.
O sucesso nas leguminosas forrageiras tropicais no Brasil
Leguminosas oferecem variadas opções de uso e inúmeras vantagens por transformar o nitrogênio encontrado na atmosfera e fixá-lo biologicamente no solo.
Isso causa uma redução de investimentos em insumos agrícolas, diminuição nos impactos ambientais e possibilita maior ganho de peso nos animais devido a uma dieta mais rica.
Podemos ir além, já que contribui ainda para a biota do solo e nutrição das gramíneas associadas, mas podem também ser utilizadas como bancos de proteína por animais em pastejo, melhorando o desempenho e ganho em peso e na recuperação de pastagens degradadas.
As leguminosas forrageiras tropicais mais comuns no Brasil
Existem inúmeras leguminosas tropicais com potencial, mas pouco exploradas.
Focaremos nos gêneros Arachis, Stylosanthes e Cajanus que ganharam expressão não apenas no consórcio, mas também como valiosos aliados no combate aos nematoides.
O amendoim forrageiro (Arachis pintoi), que é utilizado há décadas, associado a gramíneas tolerantes a solos encharcados, entrega cobertura e persistência que garantem um controle de invasoras vigorosas. A combinação é muito utilizada no bioma amazônico do Acre.
Cultivares como cv. Belmonte, BRS Mandobi e a BRS Oquira, sejam propagados por mudas ou sementes, impactam positivamente a pecuária e o amendoinzinho que embeleza nossas cidades com suas flores amarelas.
Outro destaque é para os estilosantes (Stylosanthes spp.), que também fazem história. A cv. Minerão, lançada em 1993, muito vigorosa e produtiva, não alcançou as expectativas por produzir poucas sementes.
Porém a cv. Campo Grande, lançada em 2000, que é uma mistura de duas espécies (S. capitata e S. macrocephala) já tem seu uso consagrado no cerrado brasileiro.
Ela se mostrou tolerante à principal doença, a antracnose, e possui uma boa produção de sementes, garantindo uma ressemeadura natural em áreas de pastagem.
Novos estilosantes — como a cv. BRS Bela (S. guianensis) — indicada para solos mais argilosos e outros dois novos já registrados (BRS BioN e BRS Nuno), diversificam o uso dessa fantástica leguminosa tanto para áreas de pastagem quanto para uso integrado com lavouras e recuperação de áreas degradadas.
Quanto ao Guandu (Cajanus cajan), uma leguminosa arbustiva e muito versátil que serve como alimento humano em vários países, consagrou-se no uso agrícola por produzir excelente forragem para alimentação animal.
Além disso, é usada para adubação verde e ainda serve para a descompactação de solos e controle de nematoides nocivos à soja e milho.
Leguminosa forrageira tropical: BRS Mandarim
São várias leguminosas forrageiras tropicais no mercado. A da Embrapa, BRS Mandarim, apresenta excelente fixação de nitrogênio nas áreas de pastagens podendo chegar a 280 Kg/ha/ano, equivalente a aproximadamente 630 Kg de ureia. Uma nova cultivar, a BRS Guatã, além de muito produtiva, chega para contribuir ainda mais no controle dos nematoides nocivos à soja e milho e em breve estará disponível para comercialização pelos associados da UNIPASTO.
Os desafios para desenvolver novas cultivares de sucesso de longo prazo no consórcio entre gramíneas e leguminosas tropicais no Brasil depende de vários fatores como o clima e solo, mas também das técnicas de manejo e da divulgação da cultivar de forma a romper as barreiras culturais para a adoção pelo setor pecuário.
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Dra. Cacilda Borges do Valle.
Fonte: Unipasto.
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