O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da soja no Estado do Rio de Janeiro, para a safra 2023-2024, foi aprovado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, com vigor a partir de 1º de novembro. Com isso, produtores de soja do Estado poderão acessar os recursos do Plano Safra, programa do Governo Federal que apoia o setor agropecuário, oferecendo linhas de crédito, incentivos e políticas agrícolas. A medida entrou em vigor após ampla discussão iniciada em abril entre a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, o Ministério da Agricultura e Pecuária e a Embrapa, além de produtores rurais e prefeituras.
Em diversas ocasiões, a equipe da Embrapa apresentou os resultados dos experimentos com soja no Norte do Estado. De acordo com os estudos, o Rio de janeiro possui naquela região cerca de 320 mil hectares potenciais para culturas de grãos, como a soja e o milho. “Este é mais um momento histórico da importância do conhecimento científico desenvolvido em conjunto com os agricultores e o poder público, em busca de melhor qualidade para a produção agropecuária”, afirmou a chefe-geral da Embrapa Agrobiologia, Cristhiane Amâncio, por ocasião da última reunião realizada antes da aprovação do Zarc.
“O Governo do Estado está bastante atento e solidário para que possamos, com a inclusão do Rio de Janeiro no zoneamento, expandir nossa cultura de soja”, afirmou o secretário de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, Flávio Campos. Ele lembrou que os experimentos realizados na região Norte mostraram uma produtividade superior à média nacional e que a cadeia de grãos poderá aproveitar a proximidade com portos para exportação, como o Porto do Açu, além de fornecer suprimento alimentar para a pecuária estadual.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Vinicius Farah, a produção de grãos pode representar um aumento de aproximadamente R$ 7 bilhões no PIB do Rio de Janeiro, além de diversificar as atividades econômicas locais. O governador Cláudio Castro também comemorou a aprovação do Zarc para a soja no Estado. “A soja é um dos grandes motores da economia brasileira. Queremos que seja, também, um dos vetores do desenvolvimento do Rio de Janeiro, pois sua cadeia produtiva emprega milhares de pessoas, direta e indiretamente”, pontuou, em matéria divulgada pelo governo estadual.
Sobre o Zarc
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é uma metodologia desenvolvida pela Embrapa e instituições parceiras que busca indicar o melhor período de plantio para se alcançar a melhor produtividade, evitando riscos de perdas de produção por adversidades climáticas. Ele indica os períodos com níveis de risco de 20%, 30% e 40% de probabilidade de insucesso, considerando uma série histórica de dados agroclimáticos de cada região, tipo de solo e cultivar. É usado especialmente por instituições financeiras na tomada de decisões sobre concessão de crédito, contratação de seguro rural e financiamentos.
No caso da soja, o principal fator de risco está associado à deficiência hídrica, por ser uma cultura de verão. “Com o zoneamento, procuramos avaliar o risco decorrente da variabilidade climática, considerando solo, clima, época de semeadura e condições climáticas características de cada local. Hoje, ele é uma ferramenta que está disponível na palma da mão, em um aplicativo que pode ser usado por diversos segmentos da cadeia de soja – ou de outras culturas também – para auxiliar no planejamento do uso de ocupação da área”, explica José Renato Farias, pesquisador da Embrapa Soja e líder da equipe de trabalho do Zarc – Soja.
Atualmente, o zoneamento abrange mais de 40 culturas, divididas entre espécies de ciclo anual e permanente, em um esforço organizado por uma grande rede, denominada Rede Zarc Embrapa – com equipes locais distribuídas em diversas regiões do País e Unidades. Cada cultura tem um líder, que coordena os trabalhos, organiza as informações e, junto com as equipes locais, define os critérios de avaliação, modelagem e bases de dados. “Buscamos estabilidade na produção, reduzir a perda de produtividade e garantir maior sustentabilidade ao sistema produtivo. Uma perda em uma lavoura significa impacto em várias outras atividades econômicas, cadeias agrícolas ou cadeias de complementação dessas atividades agrícolas”, enfatiza José.
Em atuação desde 1996, a Rede Zarc conta com a colaboração do Mapa, do Banco Central do Brasil e da Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped).
Fonte: Embrapa Agrobiologia
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