À esquerda, crotalária juncea. Á direita, milheto
Os municípios de Mato Grosso do Sul registraram a ocorrência de chuva no último final de semana, uns mais outros menos. Pode ter amenizado as temperaturas, porém os danos causados ao solo pelas queimadas não são resolvidos com a chuva. Segundo a pesquisadora Michely Tomazi, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), a queimada elimina a cobertura do solo devido à queima da palhada, deixada pelas culturas antecessoras, que era o principal meio de proteção contra ação direta da chuva, aumentando risco de erosão e perda de nutrientes, que são prontamente disponibilizados nas cinzas, além de outros liberados durante a queima. Além disso, atinge a microbiota do solo, que vive principalmente na superfície.
Para uma resolução a curto prazo, o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia diz que o ideal para o produtor de soja em Mato Grosso do Sul seria plantar, imediatamente, milheto ou Crotalaria juncea e cultivá-los por cerca de 50 dias para formar algum tipo de cobertura no solo para, em seguida, plantar a soja em novembro de 2024.
Michely enfatiza a necessidade de ser estabelecida, principalmente, matéria orgânica e recuperar os nutrientes do solo. O principal restaurador do solo vai ser o cultivo de plantas, não só as plantas de interesse comercial, mas também plantas de cobertura e gramíneas, “o que seria o ideal para uma recuperação mais rápida”.
A longo prazo, a orientação é implantar um sistema de rotação de culturas que introduza outras plantas benéficas também para o solo e para a diversidade da biota perdida com as queimadas. A pesquisadora alerta que se o produtor rural continuar realizando a sucessão de culturas, com baixo aporte de biomassa, pode ser que o solo demore mais de dez anos para se recuperar dos incêndios ou “não se recuperar nunca”.
O tempo de recuperação do solo, segundo ela, depende do cuidado e “da dedicação na introdução de plantas de cobertura, em plantas que são recuperadoras de solo, abrindo mão, muitas vezes, de alguma cultura agrícola”, diz Michely. Para quem trabalha com integração lavoura-pecuária (ILP), a melhor opção, segundo ela, é fazer pasto neste momento e deixar o gado pastejar, ficando nesta condição por pelo menos um ano, “assim o resultado para o solo e para a cultura econômica será muito bom”, afirma.
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste
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