Cerca de 200 pessoas participaram nesta quinta-feira, 26 de outubro, do 4º Seminário CanaMS do ciclo 2023 (oitavo ano consecutivo de ciclos de seminários agrícolas), que teve como tema “Preparo do solo e plantio”, onde foram discutidos um conjunto de práticas e operações que antecedem a semeadura da soja e plantas de cobertura, na renovação dos canaviais, e tem por principal objetivo melhorar os atributos físicos, químicos e biológicos do solo, deixando-o em condições de plantio e favorecendo o crescimento inicial e produtividade das culturas.
Harley Nonato de Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, destacou a relevância do Seminário CanaMS, que tem proporcionado atualização e troca de experiências relevantes de informações para o setor Sucroenergético de Mato Grosso do Sul. Em sua fala, ele agradeceu aos parceiros, aos patrocinadores e aos participantes do evento e aproveitou a oportunidade para reforçar o convite para as atividades do nono ciclo de Seminários CanaMS que serão realizados em 2024.
Os seminários CanaMS 2023 foram uma realização da Embrapa Agropecuária Oeste e da TCH Gestão Agrícola. Contou com o apoio institucional da Biosul e da Sulcanas e com o patrocínio da UnionAgro, Biotrop, Euroforte, Hinove, Kracht, Koppert, Solubio, Ubyfol e Sumitomo Chemical.
Érico Paredes, da Biosul, fez uma apresentação das perspectivas do setor sucroenergético do Estado. Segundo ele, Mato Grosso do Sul, atualmente, figura entre os maiores produtores de energia limpa e renovável do Brasil. O Estado é o quarto maior produtor de cana-de-açúcar, etanol e bioeletricidade e o quinto maior produtor de açúcar.
Ele ainda afirmou que Mato Grosso do Sul é o único estado brasileiro que tem três plantas de usinas novas (greenfield) em construção, duas de milho e uma de cana-de-açúcar na Costa Leste. “Atualmente, estamos vivendo a retomada de investimentos em ampliação e reforma de canavial, que reflete na produtividade da cana-de-açúcar e na produção de etanol e energia elétrica”, disse.
Érico informou ainda que existem 18 unidades em operação, todas são produtoras de etanol hidratado e cogeram eletricidade, sendo que 12 unidades exportam o excedente; 12 produzem anidro; 1 etanol de milho e 10 são produtoras de açúcar. “Esses dados refletem na economia estadual; hoje, 42 municípios sul-mato-grossenses contam com a presença do setor sucroenergético”, acrescentou.
Crédito de carbono
A redução nas emissões de gases de efeito estufa é um dos desafios globais que causam impactos profundos no clima e na biodiversidade. Nesse contexto, o 4º Seminário CanaMS 2023 teve a participação da pesquisadora Nilza Patrícia Ramos, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), que falou sobre as contribuições das práticas de preparo/plantio nas emissões da cana e nos CBIOs.
“As mudanças climáticas são uma realidade que excedem as mudanças cíclicas. Os setores da economia brasileira de agricultura (33%) e energia (28%) são os que mais impactam as emissões de gases de efeito estufa. Porém, a agricultura, ao mesmo tempo que emite, é o único setor com potencial de recaptura de carbono”, explicou Nilza.
O CBIO é um ativo financeiro que premia os produtores de biocombustível (etanol, biodiesel e biometano) que adotam práticas sustentáveis e reduzem as emissões de carbono em suas atividades. A sigla CBIO se refere ao “Crédito de Descarbonização” e foi criada para atender à Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e incentivar a redução das emissões no setor de combustíveis.
Cada CBIO corresponde a uma tonelada de gás carbônico (CO2) que deixa de ser emitida na atmosfera. Esse crédito é uma forma de reconhecer e compensar as empresas que contribuem para a redução das emissões de carbono.
Ramos acrescentou que, para identificar estratégias que possam contribuir com a redução dessas emissões, é preciso conhecer os gases e seus percentuais de impacto na camada de ozônio. Segundo dados do Inventário Nacional de Emissão de Gases do Brasil, de 2016 (https://bit.ly/470UPFU), os principais gases são: CO2 – gás carbônico (59,5%), conversão de florestas e combustíveis fósseis, CH4 – gás metano (27,7%), fermentação entérica, cultivo de arroz e manejo de dejeto, N2O – óxido nitroso (12,4%), fertilização e decomposição de resíduos, além de HFCs – hidrofluorcarbonos (0,4%).
A pesquisadora apresentou algumas estratégias que podem ser usadas para reduzir essas emissões e que passam pela adoção de práticas de agricultura conservacionista, redução no uso de combustíveis fósseis, entre outras. Ela salientou que “todas as práticas que levam ao aumento da produtividade de forma sustentável impactam positivamente o resultado das emissões de carbono”.
Na sequência, ela apresentou detalhes da fórmula utilizada no RenovaCalc e destacou que “a produtividade faz parte do denominador da fórmula matemática; assim, quanto maior for essa produtividade, menor será a pegada de carbono”. Nilza disse ainda que “o preparo do solo interfere diretamente no resultado, pois quanto maior as ações de preparo do solo, que envolvam maquinários movidos a combustível fóssil, maior será o impacto na pegada de carbono emitida”, esclareceu.
Ela enfatizou a relevância de eventos como esse e destacou que “precisamos de muito critério para fazer as escolhas adequadas para o preparo do solo. Essas decisões podem contribuir com a otimização dos recursos disponíveis, direcionar o uso das práticas em função das condições agrícolas, menor impacto econômico ambiental e, consequentemente, mais sustentabilidade”.
Programação
Além dessas duas palestras realizadas no período matutino, os participantes puderam ainda ouvir a apresentação de Marcelo Lontro, da Ubyfol, que falou sobre a construção de plantas eficientes, e de Laisla Faquezi, da Koppert, que enfocou a relevância do sistema integrado para cultivos de alta produtividade.
No período vespertino, a partir das 13h15, Paulo Sérgio Teston, da Teston, falou sobre as etapas do plantio à colheita. Em seguida, Bruno Luiz Périco (Raízen) abordou o tema proposta de valor para produtores rurais, empresas e cooperativas parceiras.
As atividades do CanaMS foram concluídas com a apresentação do case de sucesso da Fazenda GuassuAgro, representado pelo seu proprietário Rodrigo Jacinto Guimarães. Ele falou sobre a construção de solos com Integração-Lavoura-Pecuária-Cana-de-açúcar (ILPC).
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste
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