Tecnologias inovadoras favorecem qualidade dos sistemas intensificados de produção

Adoção de práticas agrícolas sustentáveis favorece o aumento do sequestro de carbono

Os sistemas de produção intensificados, mediante uso de tecnologias apropriadas, são importantes aliados do desenvolvimento sustentável das propriedades rurais. Eles se destacam pela capacidade de sequestrar o carbono atmosférico (CO2) e de estocá-lo no solo por meio da produção e decomposição das raízes.

Para debater sobre esse assunto, pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo realizaram o seminário “Carbono e o manejo adequado de sistemas de produção intensificados: benefícios para o produtor e para o meio ambiente”. O objetivo foi mostrar os resultados de pesquisas relacionadas ao sequestro de carbono nas atividades agropecuárias e as formas de redução da emissão do gás.

O evento aconteceu dia 22 de agosto, na Embrapa, em Sete Lagoas, e reuniu estudantes, bolsistas, profissionais da comunidade científica e acadêmica, produtores rurais e técnicos da assistência e da extensão rural.  A realização foi da Embrapa com o apoio do Projeto Trijunção – Intensificação agrícola visando à sustentabilidade do uso de solos arenosos.

A adoção de práticas agrícolas sustentáveis favorece o aumento do sequestro de carbono. Essas práticas envolvem a combinação de cultivos agrícolas, arbóreos, pastagens e criação de animais de forma simultânea ou sequencial. São os denominados sistemas integrados de produção, que podem ser representados de quatro formas. A Integração Lavoura-Pecuária (ILP). A Integração Pecuária-Floresta (IPF), que inclui gramíneas, forrageiras e espécies arbóreas. OA Integração Lavoura-Floresta (ILF), que engloba culturas agrícolas anuais e espécies arbóreas. E, por fim, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF),  que utiliza gramíneas, forrageiras, culturas agrícolas anuais e espécies arbóreas.

“Embora a agricultura contribua para a emissão de gases de efeito estufa, ela também tem o potencial de mitigar esses impactos por meio da remoção desses gases, através de práticas sustentáveis. Essas práticas incluem a utilização desses sistemas integrados de produção, plantio direto, manejo de pastagens, animais jovens e de genética superior, melhoria da parte nutricional, uso estratégico de adubação, bem como possibilidade de adoção de insumos biológicos e leguminosas, dentre outras tecnologias já disponíveis e cuja adoção impacta positivamente na produção e na mitigação de gases de efeito estufa.  A capacidade de sequestrar carbono no solo através do sistema de plantio direto com a rotação de culturas, incluindo plantas de cobertura, integra o conjunto de técnicas benéficas. São estratégias eficazes, que contribuem para a sustentabilidade do sistema”, explicou o pesquisador Arystides Resende Silva, na palestra ‘Carbono em sistemas de produção: conceitos relacionados com o desenvolvimento sustentável’.

“O solo contribui para o fornecimento de diversos serviços ambientais”, explicou o pesquisador João Herbert Moreira Viana na palestra ‘O componente solo como elemento-chave na regulação de serviços ecossistêmicos’.

“Esses serviços vão além do fornecimento dos produtos agropecuários mais conhecidos como os alimentos, as fibras e a bioenergia. Nos serviços ambientais, estão incluídos o fornecimento dos trabalhos chamados ecossistêmicos, como a conservação da biodiversidade e o controle do ciclo hidrológico. A lista abrange ainda os serviços associados aos seres humanos, que tratam das construções e das edificações, das áreas de lazer e do estoque de carbono”, disse Viana.

Protocolos CCN e CBC

“Sistemas com a presença do componente florestal contribuem para a neutralização do metano emitido pelo rebanho durante seu processo produtivo, mediante a retenção de carbono no solo e, principalmente, no tronco das árvores, além de permitirem a diversificação da atividade agropecuária. No entanto, sistemas sem a presença do componente florestal também apresentam potencial de mitigação das emissões de gases de efeito estufa. Eles estão relacionados com a sustentabilidade da agropecuária brasileira, que por sua vez está relacionada com a capacidade de cumprir com as necessidades do presente, sem comprometer as gerações futuras”. A reflexão é da pesquisadora Márcia Cristina da Silveira durante a palestra ‘Protocolo CBC: o potencial do manejo de pastagem para uma produção sustentável’.

A marca-conceito Carne Baixo Carbono (CBC) foi concebida e elaborada pela Embrapa. O objetivo dela é valorizar os sistemas de produção pecuários capazes de mitigar o metano emitido pelo rebanho durante o processo produtivo. Esses sistemas são conduzidos em pastagens bem manejadas, em que o processo produtivo é reconhecido, certificável e auditável.

“No Brasil, a produção de carne é fortemente embasada em pastagens, sendo um desafio e uma oportunidade a readequação e a otimização das áreas produtivas, com vistas à geração de aumento de renda e de menor impacto ambiental. Pesquisas mostram que pastagens manejadas de forma adequada, além de intensificarem a produção e diminuírem os riscos da atividade pecuária, constituem importante alternativa de proteção do solo por meio da cobertura vegetal. Além disso, colaboram para evitar a erosão, facilitando a infiltração e o armazenamento de água no solo e incorporando matéria orgânica que cooperam para o estoque de carbono no solo. Logo, o manejo de pastagens se torna uma ferramenta que nos permite dar mais um passo na busca pela eficiência produtiva, que leva em conta a qualidade do produto e do ambiente de produção”, comentou Silveira.

“A Embrapa também elaborou estudos de validação, desenvolvimento e objetivos da marca-conceito Carne Carbono Neutro (CCN). “O objetivo dessa marca é atestar a carne bovina, que apresenta emissões de gases de efeito estufa (GEE) neutralizados pela presença de árvores em sistemas de integração do tipo silvipastoril (Integração Pecuária-Floresta, IPF) ou agrossilvipastoril (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, ILPF). Todo o processo é parametrizado e auditável”, comentou Miguel Marques Gontijo Neto na palestra ‘O Protocolo CCN: ILPF e produção de Carbono Neutro’.

As marcas-conceito CCN e CBC surgiram no âmbito da Plataforma Pecuária de Baixa Emissão de Carbono, em uma parceria da Embrapa com a Marfrig Global Foods. A marca- conceito CCN já está disponível na Plataforma Agri Trace Rastreabilidade Animal, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A marca-conceito CBC provavelmente será disponibilizada nessa mesma página em breve.

Para conhecer mais sobre as marcas-conceito CBC e CCN, consulte os trabalhos disponíveis na biblioteca da Embrapa:

– Diretrizes Técnicas para Produção de Carne com Baixa Emissão de Carbono Certificada em Pastagens Tropicais: Carne Baixo Carbono (CBC), clique no link

https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1120985/diretrizes-tecnicas-para-producao-de-carne-com-baixa-emissao-de-carbono-certificada-em-pastagens-tropicais-carne-baixo-carbono-cbc

– 50 perguntas, 50 respostas sobre a Carne Carbono Neutro (CCN), clique no link https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1093170/50-perguntas-50-respostas-sobre-a-carne-carbono-neutro-ccn

Fonte: Embrapa Milho e Sorgo

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