O uso de drones para monitorar a dinâmica da floresta, aliado à inteligência artificial para automatizar etapas do inventário florestal e métodos de monitoramento dos gases de efeito estufa (GEE) em florestas nativas serão apresentados na 28ª conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que segue até 12 de dezembro em Dubai.
Conhecido como manejo florestal 4.0, as tecnologias compõem o Projeto Geoflora, Geotecnologias Aplicadas à automação florestal e espacialização dos estoques de carbono em áreas de floresta nativa na Amazônia Ocidental, é uma iniciativa da Embrapa Acre com apoio do Fundo JBS pela Amazônia.
O chefe-geral da Embrapa Acre, Bruno Pena, e Andrea Azevedo, diretora executiva do Fundo JBS pela Amazônia, compõem a comitiva brasileira que participa do evento. Pena e Azevedo vão apresentar os principais resultados já obtidos com o projeto Geoflora. “A ideia é mostrar que temos tecnologias inovadoras para o uso sustentável da floresta no manejo florestal de espécies madeireiras e não-madeireiras e na valorização de ativos ambientais importantes, como créditos de carbono”, afirma Pena.
Na opinião de Azevedo, os componentes do projeto Geoflora podem contribuir não apenas para subsidiar a atuação do poder público com relação às políticas florestais, mas também para colaborar no monitoramento dos impactos de projetos dedicados ao bioma Amazônia, fatores que convergem com a temática da COP.
Monitoramento da dinâmica da floresta e de gases de efeito estufa
As atividades do projeto Geoflora envolvem o monitoramento dos gases de efeito estufa (GEE) e estoques de carbono do solo em florestas nativas é uma das atividades do projeto Geoflora. Os resultados mostrarão se o sistema florestal está sequestrando ou emitindo carbono equivalente para a atmosfera. O que permitirá calcular o balanço de carbono nos sistemas florestais avaliados.
Além disso, pesquisadores usam um sensor de perfilamento a laser (LIDAR – Light Detection And Ranging) acoplado em drone para estimar com maior precisão os estoques de biomassa em diferentes ambientes da Amazônia. A técnica empregada permite escalonar as estimativas obtidas com os dados LiDAR e produzir mapas de biomassa em alta resolução para áreas de interesse estratégico. Os resultados irão subsidiar políticas públicas de uso sustentável, como manejo florestal e pagamento por serviços ambientais.
Inventário Florestal com uso de drones
Outro componente do projeto utiliza drones e inteligência artificial para automatizar etapas do inventário florestal na identificação de espécies estratégicas. Mais de 40 mil hectares de áreas na Amazônia já foram mapeados com o objetivo de coletar informações para compor um banco de dados de imagens de espécies florestais obtidas por meio de câmeras RGB a bordo de drones (ortofotos).
No Laboratório de Geotecnologias da Embrapa Acre, os dados são analisados e o algoritmo de inteligência artificial é treinado para identificar espécies florestais. Esse trabalho já foi realizado em áreas da floresta na Reserva Extrativista Chico Mendes, Floresta Estadual do Antimary (Acre), florestas nacionais de Jacundá e Jamary (Rondônia), parques municipais de Rio Branco e áreas de manejo florestal em propriedades privadas no Acre e Amazonas.
COP28
A COP28 é composta por três ambientes. O primeiro é o de Promoção, onde estão todos os países, instituições internacionais como FAO, IICA, Banco Mundial, e empresas privadas, com um formato de uma grande feira climática, com diversos pavilhões. Neste local, acontecem grandes eventos, como congressos, palestras, assinatura de acordos bilaterais e lançamento de iniciativas.
No total, deverão ocorrer 120 painéis promovidos pelo governo, sociedade civil e iniciativa privada. A recuperação de pastagens será tema de painel no Pavilhão Brasil na COP28, com o lançamento pelo Mapa do programa de recuperação de áreas degradadas, no qual a Embrapa tem participação direta. No pavilhão, a Embrapa apresentará suas iniciativas na produção de bioinsumos, tecnologias do Plano ABC, bioeconomia e pastagens e também estará presente em outros painéis temáticos. O chefe-geral da Embrapa Acre participa dos eventos com o Sistema Guaxupé, modelo de intensificação sustentável da produção pecuária.
O segundo ambiente é o chamado Negociação, onde acontecem as negociações e acordos sobre a Convenção do Clima. São mais de cem itens de agenda, organizados em grandes áreas como Ciência e Tecnologia, Adaptação, Mitigação, Mercado de Carbono, Agricultura, entre outras.
E o terceiro ambiente será o espaço de discussão do balanço da implementação do Acordo de Paris (2015) no relatório chamado Global Stocktake (GST). Segundo o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o Brasil reforça o seu compromisso de limitar o aumento da temperatura média global em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Para Pena, a COP28 representa uma oportunidade para a Embrapa mostrar que há ferramentas sustentáveis com foco na produção de grãos e carne, além de ser um espaço propício para articulação de parcerias com interesse nessas temáticas. “Precisamos unir esforços para continuar gerando tecnologias que cheguem aos extrativistas e produtores rurais e contribuam para uma agricultura mais sustentável e produtiva”, afirma.
Fonte: Embrapa Acre
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