A funcionalidade democratiza o conhecimento técnico-científico gerado pela pesquisa, permitindo que produtores, técnicos e estudantes tenham acesso a informações de maneira prática e intuitiva
Duas das principais tecnologias sustentáveis da Embrapa para a Amazônia já podem ser acessadas na palma da mão. Uma nova forma de apresentação, as vitrines virtuais mostram Sistemas Agroflorestais (SAFs) e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) gratuitamente em computadores, tablets e celulares. A ferramenta só está disponível para aparelhos com sistema operacional Android.
Uma das maiores vantagens da tecnologia é a possibilidade de baixá-la em celulares simples e acessá-la offline, ou seja, sem conexão com a internet. A funcionalidade democratiza o conhecimento técnico-científico gerado pela pesquisa, permitindo que produtores, técnicos e estudantes tenham acesso a informações de maneira prática e intuitiva, independentemente da localização. Trata-se de uma solução da Embrapa que promove maior eficiência produtiva e resiliência das propriedades rurais frente às mudanças climáticas.
LançamentoAs vitrines virtuais desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Oriental (PA) serão lançadas no dia 4 de dezembro, às 9 horas, em uma transmissão ao vivo nocanal da Embrapa no YouTube. O evento é aberto a todos.Acesse aqui: https://www.youtube.com/live/4lsreKt4aUo |
A cerca de um ano da realização da COP 30 — primeira Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas a ser realizada no Brasil, em Belém do Pará, em novembro de 2025 —, a Embrapa oferece uma imersão virtual completa, do planejamento à execução, em tecnologias validadas para a produção de alimentos. Essas soluções garantem segurança alimentar, ganhos ambientais e vantagens econômicas, reafirmando que é possível produzir na Amazônia sem derrubar árvores, além de restaurar áreas degradadas.
Segundo Bruno Giovany de Maria, chefe-adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Amazônia Oriental, a ferramenta é fruto de uma parceria consolidada com o Governo do Estado do Pará, por meio do Programa Territórios Sustentáveis (PTS), executado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). Ele destaca que o grande diferencial das vitrines está na inclusão de públicos de regiões remotas, onde o acesso a capacitações presenciais ou à infraestrutura tecnológica é limitado. “Hoje, em praticamente qualquer lugar, as pessoas têm um celular. Isso permite que o produtor ou técnico visualize, a qualquer momento, como implantar e aplicar essas tecnologias em campo”, explica.
De Maria também ressalta que as vitrines oferecem uma experiência imersiva, simulando a aplicação das técnicas no campo, com atualizações constantes de conteúdo e acesso à base de dados da Embrapa. “Essa iniciativa não apenas fortalece a transferência de tecnologia, como também democratiza o acesso ao conhecimento técnico essencial para práticas agrícolas mais sustentáveis em diferentes regiões do Brasil”, enfatiza.
Foto: Ronaldo Rosa (ILPF em Paragominas)
Diana Castro, coordenadora de Desenvolvimento Rural Sustentável e Incentivos Econômicos da Semas, reforça a importância das vitrines como ferramentas de disseminação do que a Embrapa e a Semas propõem no âmbito do PTS. “As técnicas de produção de baixas emissões e a restauração produtiva, por meio de sistemas agroflorestais e ILPF, podem agora alcançar a ponta. Temos grande expectativa de que as vitrines sejam utilizadas por extensionistas e produtores rurais na melhoria dos sistemas produtivos e no desenvolvimento local”, afirma Castro. “A parceria com a Embrapa destaca a importância da pesquisa agropecuária para a formulação e implementação de políticas públicas de enfrentamento às mudanças climáticas, fortalecendo as economias locais com a preservação da biodiversidade”, complementa.
Depois do sucesso da primeira vitrine virtual da Embrapa no Pará, integrada ao curso online “Manejo da cultura do açaí em terra firme: da semente à pós-colheita e processamento”, lançado na plataforma e-Campo em 2020, a instituição percebeu nas ferramentas digitais a melhor forma de levar sua expertise além das barreiras geográficas. O curso, que já atingiu mais de 1,7 mil usuários no Brasil e em outros países da Amazônia, inspirou o desenvolvimento de novas funcionalidades para maior acessibilidade e oferta de conteúdo.
A analista da Embrapa Mazillene Borges, gestora do curso e uma das articuladoras do PTS, explica que a experiência bem-sucedida foi a semente para o despertar da criação de um ambiente virtual aberto a todos os públicos. Além das duas vitrines inéditas, é possível acessar também o Meliponário Virtual e a área de plantio de Açaí de Terra Firme. As novas vitrines da plataforma oferecem versão mobile, com uso offline após o download dos conteúdos.
Segundo Michell Costa, analista da Embrapa e co-desenvolvedor das plataformas, o foco principal foi garantir linguagem acessível, material técnico adaptado e democratização da informação. “Pensar na Amazônia é reconhecer sua dimensão continental e os desafios de acesso à tecnologia da informação. Essa ferramenta tem potencial para promover inclusão digital e práticas sustentáveis em uma região de difícil acesso”, afirma Costa.
O vídeo abaixo traz instruções para instalação das vitrines:
O produtor e técnico agrícola Adailton Amaral foi um dos alunos do curso online de Açaí de Terra Firme, e vivenciou, pela primeira vez, a experiência de uma vitrine virtual em um processo de formação. Jovem produtor e defensor do fortalecimento da sucessão familiar no campo, avaliou que as ferramentas digitais dialogam diretamente com a juventude, sendo, assim, um estímulo à reaproximação desse público com a propriedade e produção familiar.
Para Amaral, além de possibilitar acesso às tecnologias que podem melhorar a vida no campo, os conteúdos digitais de fácil acesso e compreensão, a exemplo das vitrines, podem unir as várias gerações e profissionalizar a produção. “É mais produção, renda e qualidade de vida para as famílias e toda a Amazônia, pois garantem também benefícios ambientais que já vivenciamos em nossa propriedade”, comenta.
SAFs e ILPF garantem produtividade e resiliência climáticaOs Sistemas Agroflorestais (SAFs) e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) são reconhecidos como as soluções sustentáveis mais eficazes para a produção de alimentos na Amazônia, proporcionando benefícios econômicos, sociais e ambientais. As pesquisadoras da Embrapa Célia Calandrini e Débora Aragão coordenaram as equipes responsáveis por desenvolver os conteúdos das vitrines virtuais.Calandrini conta que o ILPF combina diferentes sistemas produtivos em uma mesma área — agrícola, pecuário e florestal —, otimizando o uso da terra e promovendo benefícios mútuos entre as atividades. “O sistema aumenta a produtividade, diversifica a produção, gera empregos e promove serviços ambientais, como a preservação da água no solo, redução de emissões de gases de efeito estufa e aumento do sequestro de carbono”, explica.Aragão reforça que os SAFs simulam a dinâmica da floresta ao combinar espécies vegetais diversas, promovendo eficiência produtiva e segurança alimentar. “Os benefícios vão desde a introdução de espécies de ciclo curto, que garantem renda imediata, até a proteção do solo e a melhoria da biodiversidade, reduzindo a necessidade de insumos químicos”, destaca.Com essas iniciativas, a Embrapa e seus parceiros esperam ampliar o impacto das tecnologias na Amazônia e fortalecer a adaptação das propriedades rurais às mudanças climáticas. |
Fonte: Embrapa Amazônia Oriental
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