Com capacidade de produção de até 10 mil mudas nativas do Cerrado, viveiro em Campo Grande traz resultados ambientais e educacionais.
Sementes carregam a promessa de um novo começo; é uma nova vida surgindo naquela terra. Seguindo essa premissa, no segundo semestre de 2022, o Senar Mato Grosso do Sul deu início à construção de um novo espaço no Centro de Excelência de Bovinocultura de Corte: um viveiro com capacidade de produzir até 10 mil mudas de árvores nativas do Cerrado.
O espaço foi implementado com objetivo de se tornar um ponto de produção de plantas que possam auxiliar a recompor e enriquecer áreas de preservação ambiental em propriedades rurais do estado. A semeadura é dividida em ciclos, trabalhando com até 3 mil mudas, numa média de 100 dias cada.
“Imitar” a natureza
O coordenador técnico do Centro, Fábio Cerqueira, explica que as mudas de plantas nativas podem ser produzidas em pequenas áreas, pois é importante que haja rotatividade. “A muda nativa é diferente de você comprar, por exemplo, um pé de laranjeira para sua casa ou chácara. O pé de laranjeira é plantado com maior porte e recebe cuidados constantes, contudo a muda de Cerrado precisa ir ao campo ainda pequena, com o sistema radicular bem desenvolvido”.
Atualmente, o viveiro conta com 2.716 mudas, devido ao ciclo das plantas. Uma espécie de tenda telada possibilita que as mudas tenham acesso a diferentes iluminações. “Elas nascem a meia sombra porque a gente simula a natureza, são plantas que não são domesticadas, são produzidas a partir de sementes coletadas na natureza”, destaca Fábio.
Essas sementes chegam até o Senar/MS por meio de doações e parcerias com catadores locais e ONGs (Organizações Não Governamentais). Após a chegada, as equipes organizam parte do estoque no laboratório, sendo refrigeradas para não perder sua taxa de germinação.
Do zero ao cuidado diário
O viveiro começou a ser construído do zero, sendo concluído em 2023. Com foco na sustentabilidade e na realidade do produtor rural, vários materiais foram reutilizados na construção. Em todo o processo, muitas ideias contribuíram para cada etapa, como a do analista de campo Wellington Oliveira, que sugeriu a reutilização de antigas grades do estacionamento reformado.
“Quando a gente iniciou o projeto do viveiro, percebi que o espaçamento da grade, os quadriculados, era similar ao tamanho do tubete, e achei que daria para fazer a banca. Foi assim que surgiu a ideia”, relembra.
Wellington ressalta a importância da evolução e o orgulho em fazer parte desse processo de sustentabilidade. “Temos novas ideias nascendo, e elas estão sempre em evolução. Ano passado vimos saindo muita muda daqui, muitas nascentes sendo protegidas e aulas práticas acontecendo. É assim que alcançamos nosso principal objetivo, o educacional. É satisfatório”.
Da área educacional, Lusnilda Luciana Medina Alves faz parte. Ela é aluna do Curso Técnico em Agropecuária e estagiária do Centro de Excelência. Diariamente, ela se dedica ao viveiro, com duas regas no período da tarde, às 13h30 e 16h30.
Os cuidados são todos manuais. Lusnilda destaca a importância da atenção na atividade. “O processo de aprimorar e mandar para o campo é muito importante, é preciso estar monitorando frequentemente. Exige uma questão visual, ver se existem pragas ou fungos”.
Papel do viveiro
No primeiro ano de operação, o viveiro começou a desempenhar seu papel vital, fornecendo mais de 3 mil mudas para técnicos de campo da ATeG (Assistência Técnica e Gerencial). Essas foram direcionadas para áreas de preservação ambiental, incluindo reservas legais e APPs (Áreas de Preservação Permanente), em propriedades rurais atendidas pelo Senar/MS.
O diretor do Centro de Excelência em Bovinocultura de Corte do Senar/MS, Gustavo Cavalca, destaca a relevância do viveiro para o meio ambiente. “Com foco especial na proteção de nascentes e cursos d’água, o viveiro contribui sobremaneira para a conservação de ambientes naturais, através do fomento da recomposição e do enriquecimento ambiental, que gera o equilíbrio de utilização dos recursos naturais pelos produtores rurais”.
Segundo Cavalca, para o produtor rural que faz a utilização dessas mudas, a preservação vai além da responsabilidade ambiental. É possível ficar em dia com as obrigações legais e se posicionar de forma competitiva em mercados exigentes.
“As mudas que produzimos são ícones da preservação, pois quando as levamos a uma propriedade, junto vai todo o conceito ESG [Ambiental, Social e de Governança] que temos como norteador do trabalho do Sistema Famasul”.
Fonte: Senar
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