A Embrapa esteve presente no 14° Congresso Brasileiro do Algodão – CBA, realizado de 3 a 5 de setembro, no Centro de Convenções de Fortaleza, CE. Com mais de 3 mil participantes dos diversos elos da cadeia produtiva, o CBA é maior evento da cotonicultura brasileira, promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com o apoio científico da Embrapa.
Com o tema “Construindo história rumo ao protagonismo mundial”, o 14º CBA enfocou a liderança do Brasil no mercado internacional do algodão e as perspectivas para os próximos anos. Terceiro maior produtor mundial de algodão, com 3,6 milhões de toneladas por ano, o Brasil se tornou o maior exportador mundial na safra 2023/2024. O País consome cerca de 1 milhão de toneladas e o restante é exportado.
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, falou sobre os impactos da inteligência artificial na agricultura durante o 14º CBA. A presidente – que é doutora em Computação aplicada, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e que exerceu o cargo de chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital – participou da plenária máster “A inteligência artificial vai produzir algodão? O avanço da agricultura digital”.
Silvia Massruhá mostrou o quanto a informática vem sendo aplicada à agricultura brasileira e como foi importante para o alcance dos patamares de desenvolvimento observados na atualidade. Ela citou exemplos de como os dados distribuídos ao longo de toda a cadeia de valor do agro são utilizados. Conforme a presidente da Embrapa, a inteligência artificial generativa contribui para a agricultura regenerativa. Ela falou ainda sobre o papel da tecnologia na redução de riscos, na extensão rural, com novos modelos de capacitação, e na sucessão rural, mantendo a juventude no campo.
Também falaram sobre o tema a futurista pelo Institut For The Future (IFTF), Martha Gabriel, e Maurício Schneider, diretor da StartSe Agro. A plenária foi mediada pela jornalista Patrícia Travassos.
Durante os três dias de evento, 30 pesquisadores da Embrapa interagiram com os participantes durante as plenárias, palestras, workshops, apresentação de trabalhos científicos e no estande institucional da Embrapa. Oito Unidades da Embrapa participaram das atividades: Algodão, Agropecuária Oeste, Arroz e Feijão, Cerrados, Instrumentação, Milho e Sorgo, Soja e Territorial.
Na terça-feira, 03, o pesquisador Nelson Suassuna articulou discussões sobre o manejo de nematoides do algodão durante a palestra “Evolução da ocorrência e do manejo de nematoides no algodoeiro com olhar no sistema de produção”.
Suassuna destacou as ferramentas incluídas no pacote tecnológico desenvolvido pela Embrapa para a cultura do algodão. “A frequência da ocorrência de espécies nematoides, como o Meloidogyne incognita [nematoide das galhas] e o Rotylenchulus reniformis [nematoide reniforme], está aumentando a cada ano e com isso se faz necessário o desenvolvimento de cultivares com maior resistência”, complementou.
Além do melhoramento genético, que possibilita maior resistência genética do algodoeiro aos nematoides, o pesquisador salienta a importância de se pensar no manejo como mecanismo indispensável para o controle da praga. “O manejo pode ser fundamentado em várias táticas. A resistência genética por si só não resolve o problema por inteiro. Logo, precisa-se de estratégias de manejo que envolvam outras táticas, como a rotação de cultivos, onde se realiza alguma cultura que diminua a população dos nematoides ao longo do tempo”, finalizou Nelson.
Na quarta-feira, 04, o pesquisador Camilo Morello apresentou um panorama dos desafios e novas ferramentas focadas no melhoramento do algodoeiro. A exposição ocorreu na palestra “Os desafios e as novas ferramentas para melhorar as cultivares de algodão”.
Morello salientou como o melhoramento se mostra benéfico à cotonicultura: “O melhoramento pode contribuir, logicamente, em produtividade, aspecto de primeira relevância. Em segundo, na parte de qualidade da fibra, pois não é sustentável ter produtividade de uma fibra com qualidade baixa. E, por fim, em características que fazem com que as cultivares tenham mais resistência às doenças”.
Em paralelo, a sala temática “Resultados dos ensaios em cooperação de doenças e nematoides e ações práticas de manejo” apresentou as principais respostas obtidas em pesquisas sobre o controle químico da mancha-de-ramulária e o controle químico-biológico de nematoides do algodoeiro, principais doenças da cultura.
Simultaneamente, o pesquisador Alexandre Cunha de Barcellos conduziu a palestra “Modelos de sistemas de produção para algodoeiro: impactos no perfil e estoque de carbono no solo”. Na atividade, o foco foi discutir pesquisas de longa duração sobre sistemas de produção de algodão para a agricultura de baixo carbono. Além dos resultados almejados em trabalhos sobre sistemas de manejo do solo e de produção de algodão.
No último dia do CBA, 5 de agosto, a chefe-geral da Embrapa Algodão, Nair Helena Arriel palestrou no workshop “A produção de algodão na agricultura familiar”, abordando a produção de algodão orgânico no Semiárido. Ela falou sobre a produção no mundo e no Brasil e sobre os impactos da tecnologia na produção na agricultura familiar. O algodão orgânico é plantado em 21 países. No Brasil, os principais estados produtores são Piauí, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe. Nair Arriel mostrou as contribuições da Embrapa para a cotonicultura na agricultura familiar – como as cultivares, sistema de produção e controle de pragas, dentre outras tecnologias- além de relatar as estratégias de pesquisa participativa.
Em paralelo, o fitopatologista da Embrapa Algodão, Fabiano Perina, atuou no workshop “Ferramentas de origem biológica para a agricultura: desafios e oportunidades”. Na atividade, Perina destacou aspectos da utilização de produtos biológicos no Brasil, com ênfase na cultura do algodão, demonstrando resultados de pesquisas recentes com utilização de controle biológico com foco no controle de nematoides e doenças.
Dos 288 trabalhos científicos apresentados, 12 foram premiados durante o 14º CBA. Divididos em oito categorias, os trabalhos versaram sobre Produção Vegetal, Agricultura Digital, Controle de Pragas, Colheita, Beneficiamento e Qualidade, além de Fitopatologia, Matologia, Socioeconomia e Biotecnologia. Entre os premiados, estão quatro pesquisadores da Embrapa Algodão:
2º lugar – Alexandre Cunha de Barcellos, com o título “Altas produtividades de algodoeiros cultivados sob SPD, em solo argiloso após 14 anos sem revolvimento”.
3º lugar – João Paulo Saraiva Morais, com o título “Qualidade da fibra de algodão cultivado em diferentes sistemas de produção no Cerrado”.
5ª lugar – Sidnei Douglas Cavalieri, com o título “Resistência de Eleusine indica (L.) gaert aos herbicidas inibidores da ACCASE e EPSPS em municípios do Médio-Norte Mato-Grossense”.
6º lugar – Carlos Alberto Domingues da Silva, com o título “Seletividade fisiológica de inseticidas a Bracon vulgaris (Hymenoptera: braconidae), parasitose do bicudo-do-algodoeiro.
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