Os navios “Tenente Maximiano”, “Potengí” e “Paraguassu” da Marinha do Brasil estão há dez dias navegando pelo rio Paraguai, entre as cidades de Ladário e Porto Murtinho, pantanal sul-mato-grossense. Além da tripulação, pesquisadores de diversas instituições nacionais e internacionais estão a bordo da flotilha, entre eles, o parasitologista da Embrapa (Campo Grande-MS), Renato Andreotti.
A missão é parte do Projeto Navio (Navegando para Vigilância Viral em Lugares Longínquos) que estuda e monitora a saúde das populações ribeirinhas e as mudanças climáticas e seus respectivos impactos na saúde única, analisando patógenos com impacto na saúde humana, animal e ambiental. A iniciativa é realizada pela Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES), Marinha do Brasil e Fundação Oswaldo Cruz de Minas Gerais (Fiocruz Minas) e foi idealizada pelo pesquisador da Fiocruz Minas, Luiz Alcântara.
No caso da saúde animal, a Embrapa, por meio da Embrapa Gado de Corte, contribui com a identificação de carrapatos e agentes potencialmente transmitidos. Andreotti explica que as doenças transmitidas por esses parasitas são de importância também para as cadeias produtivas do agro, “que precisa produzir produtos com qualidade, saudáveis e com sustentabilidade. O conhecimento das espécies de carrapatos e agentes transmitidos remete a novas formas de controle apoiando a qualidade de vida no Pantanal e região”.
Ao lado dos biólogos e bolsistas DCR do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Marcos Valerio Garcia e Leandro Higa, o médico-veterinário espera incrementar os estudos conduzidos na Unidade da Embrapa, com o viés cada vez mais na saúde única. As infestações do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus gera perdas consideráveis a produção de carne bovina, sendo um dos principais desafios para a pecuária de corte em regiões tropicais e subtropicais.
Ações educativas também são atividades dos pesquisadores durante a expedição. Por exemplo, este ano, casos de febre maculosa (FMB) foram identificados no País. O agente da FMB é a bactéria Rickettsia rickettsii, transmitida pelo carrapato estrela (Amblyomma sculptum). O patógeno exige medidas de saúde pública e tem nas capivaras, gambás, cavalos, cães e bovinos, seus principais hospedeiros. Há dez anos, a equipe de Renato Andreotti detectou o agente causador, por meio de diagnóstico molecular, em Mato Grosso do Sul e hoje eles realizam um trabalho de sensibilização pelas escolas públicas de Campo Grande e interior do Estado.
Projeto Navio – A iniciativa tem duração de cinco anos e, em fevereiro, do próximo ano, a frota chega a Cáceres (MT). O projeto conta com o apoio da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), SES-MT, Laboratório Central (LACEN) de MS, MT, MG e PR, universidades federais de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Ouro Preto, Universidades Estaduais do MS e de Feira de Santana da Bahia, OPAS-OMS, Ministério da Saúde, LOCCUS, Biomanguinhos, IBMP, prefeituras de Ladário, Corumbá e Porto Murtinh, Instituto Erasmus de Roterdan da Holanda, Universidade de Stellenbosch da África do Sul e Universidade de Sidney da Austrália.
Fonte: Embrapa Gado de Corte
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