Conforme dados do ICNA, há mais de 20 protocolos homologados junto ao MAPA, o Carne Baixo Carbono será o próximo.
Sistema produtivo de carne sustentável da Embrapa estará em plataforma da Confederação
Esta semana, o protocolo Carne Baixo Carbono (CBC) da Embrapa foi apresentado durante reunião técnica do Instituto CNA (ICNA), em Brasília-DF. O objetivo da reunião foi mostrar a nova Plataforma de Gestão de Protocolos de adesão voluntária, Agritrace Animal, gerida pelo ICNA para detentores, e promover uma troca de experiências e boas práticas.
Atualmente, conforme dados do ICNA, há mais de 20 protocolos homologados junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Carne Baixo Carbono será o próximo, logo após a assinatura de convênio entre Embrapa e CNA, em tramitação neste momento. Já dentro do novo sistema, há cinco como projeto-piloto. Pelo fato de o Protocolo CBC ser o único que será 100% gerido no Agritrace Animal, que seu perfil foi considerado relevante à reunião.
“A Embrapa é a detentora do Protocolo Carne Carbono Neutro e será detentora do Protocolo Carne Baixo Carbono. Geralmente, a detentora são empresas privadas, cooperativas e associações de produtores. Nosso caso é singular, e para que todo esse sistema de produção seja considerado, de fato, um protocolo, ele precisa estar sob a gestão da CNA”, explica Filipe Corrêa, analista de prospecção da Embrapa (Campo Grande-MS) e um dos responsáveis pelo modelo de negócios do CBC.
Ele ressalta que cabe à CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) a gestão de protocolos de rastreabilidade na cadeia produtiva das carnes de bovinos e de búfalos de adesão voluntária, previsto na Lei nº 12.097, de 2009. Ainda que o CBC aborde questões como a emissão de carbono, ele se refere à origem do animal, e isso se relaciona com rastreabilidade.
Outras características de gestão e governança que despertam interesse para o Protocolo CBC são também a certificação de terceira parte realizada por certificadora credenciada; a certificadora selecionada por edital público e treinada pela Embrapa; as auditorias anuais com avaliações a cada dois anos pela certificadora; o abate em frigorífico igualmente Certificado; e o licenciamento da Embrapa para exploração econômica da marca.
O próximo passo, segundo Filipe, é a assinatura do Acordo de Cooperação entre Embrapa e CNA, que deve acontecer nos próximos meses. Pela parceria, as empresas se comprometem em promover e garantir as regras do Protocolo CBC, tornando a CNA, gestora do Protocolo.
Reunião ICNA – A Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos das Raças Wagyu e a empresa FairFood também apresentaram os protocolos que detêm e estão sob gestão do programa de rastreabilidade Agritrace Animal.
Representantes da Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO), da Associação Brasileira dos Frigoríficos de Equídeos (ABIFE), da Certificação de Protocolos Agropecuários (Cerpro), da Associação Brasileira de Angus, da empresa PECBR, da NatCap Soluções Sustentáveis, do Programa de Rastreabilidade Individual e Monitoramento de Indiretos (PRIMI), além da própria CNA e Embrapa estiveram presentes no encontro.
Protocolo CBC – É o primeiro do Brasil a estabelecer um conjunto de critérios e procedimentos auditáveis e certificáveis, que garantem a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) pelo sistema produtivo da bovinocultura de corte e a obtenção de um selo para a carne. Enquanto a idealização e o desenvolvimento foram realizados pela equipe de cientistas e técnicos da Embrapa, o alcance do resultado, em curto prazo, somente foi possível por meio da parceria com a Marfrig Global Foods.
O protocolo se validou em um estudo realizado em uma Unidade de Referência Tecnológica da Embrapa na Bahia, no bioma Cerrado, em 2021, no qual foram avaliados parâmetros como o estoque de carbono, ganho de peso do gado, qualidade da carne e emissões de metano.
Os resultados mostraram que, com a adoção do manejo adequado do sistema, é possível aumentar a produtividade e a qualidade da carne, trazendo mais lucratividade para o pecuarista, sem a necessidade de expansão de sua área produtiva.
Os sistemas CBC não incluem o componente florestal para contabilização das emissões de GEE mitigadas, o que possibilita maior escalabilidade de seu sistema. Eles produzem animais cujas emissões de metano foram mitigadas pelo próprio processo produtivo, pela redução na idade do abate, melhoria da dieta dos animais e por meio do aumento do estoque de carbono no solo, resultante da adoção de boas práticas agropecuárias envolvendo recuperação e manejo sustentável das pastagens e/ou sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP).
Fonte: Embrapa Gado de Corte
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